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De
Antinori a Albiéri: a clonagem humana na novela das 21h
Regina Coeli de Araujo Guerra*
Resumo
O
presente trabalho tem o objetivo de realizar um levantamento dos
possíveis efeitos da abordagem da clonagem humana pela telenovela
O Clone na construção do discurso sobre o tema na sociedade
a partir da análise de um corpus que reúne cenas da telenovela
e matérias publicadas em duas das principais revistas nacionais
de informação geral sobre genética. A Investigação parte de pressupostos
como a incontestável influência da televisão em uma sociedade
com os contornos da brasileira e a validade da teoria fundamental
da Análise Crítica do Discurso segundo a qual o discurso é um
campo de batalhas privilegiado para a mudança social. O enfoque
na telenovela se justifica pela contribuição considerável da ficção
seriada na audiência das emissoras de televisão e pela trajetória
do gênero em solo nacional, com destaque para a adoção da verossimilhança
quase como uma regra geral. Os resultados obtidos incluem um alerta:
ao apresentar situações que misturam, indistintamente, fatos e
personagens reais e fictícios, a telenovela pode provocar uma
certa sensação de desconfiança quanto aos procedimentos que os
cientistas utilizam tanto na realização de suas experiências quanto
na divulgação delas.
Palavras
chave: discurso, ciência, clonagem, ética.
Introdução
As
alternativas ofertadas pela ciência e a divulgação dos experimentos
transformaram o assunto em parte integrante da vida das pessoas
do cientista, que dedica o seu tempo a desafiar a capacidade
humana de encontrar soluções para os mais diversos problemas,
à dona de casa, cujo cotidiano passa a incluir, por exemplo, o
uso de cosméticos contra o envelhecimento. Mais que simplesmente
integrar o cotidiano, temas como a produção de transgênicos exigem
decisões, ampla discussão com toda a classe de consumidores. O
interesse social da ciência e a importância de sua propagação
como forma de legitimá-la são pontos indiscutíveis. A questão
é observar a forma ou formas como a ciência é divulgada
e os possíveis efeitos de cada um desses modos de divulgar o que
os cientistas fazem em seus laboratórios.
A
pretensão do estudo que aqui se apresenta é contribuir, ao lado
de diversos outros trabalhos motivados por semelhantes preocupações,
no entendimento dos aspectos envolvidos no ato de divulgar a ciência,
sobretudo por meios diversos dos convencionais. Se o jornalismo
e as publicações especializadas já são, reconhecidamente, veículos
de divulgação, há outros meios surgindo na mesma velocidade com
que a ciência ganha espaço. Da década de 1990 para cá, por exemplo,
a telenovela tem se revelado um espaço atento em localizar a influência
das descobertas científicas no cotidiano, confirmando a vocação
do gênero, no Brasil, para discutir temas que rendem cenas também
na vida real. Um dos exemplos mais recentes de como uma publicação
ficcional pode abordar temas de interesse científico se deu em
2001, quando a Rede Globo de Televisão levou ao ar a telenovela
O Clone.
O
Clone
A
novela das 21h O Clone, escrita por Glória Perez e exibida entre
1° de outubro de 2001 e 15 de junho de 2002, aborda assuntos polêmicos,
como diferenças culturais entre a sociedade ocidental e oriental,
drogas e alcoolismo. No centro da trama, e também das polêmicas,
está a discussão, a partir de uma fictícia experiência bem sucedida
com um clone que atinge a idade adulta, em torno dos aspectos
éticos da clonagem humana, como revelou a autora da trama em entrevista
para a revista Ciência Hoje (1): "À medida que a ciência
avança, novos conflitos são introduzidos no nosso cotidiano. Quero
discutir a questão ética e os aspectos psicológicos de se clonar
um ser humano. Como se sentiria alguém diante de sua cópia muitos
anos mais jovem? Vale a pena trocar a diversidade da natureza
na evolução da espécie por uma humanidade programada em laboratório?".
Para
compor a trama científica de O Clone, Glória Perez bebeu
na fonte das matérias sobre genética e clonagem publicadas nos
jornais e revistas, além de recorrer à consultoria de dois geneticistas
e uma médica, medidas que revelam a preocupação com a verossimilhança,
característica marcante nas atuais telenovelas brasileiras que
pode ser observada na cena analisada adiante.
Corpus
O
presente estudo tem como Corpus um total de 20 cenas da
telenovela O Clone e 108 matérias publicadas nas revistas
Veja e Istoé, duas das principais publicações semanais de informação
geral com circulação nacional, no período entre 1º de outubro
de 2000 e 15 de junho de 2002, de um ano de ir ao ar o primeiro
capítulo da telenovela enfocada até a data de exibição do capítulo
final. A idéia é observar em qual contexto científico a trama
foi composta e verificar se a ficção contribui, de alguma forma,
na veiculação de matérias sobre o tema.
Contexto
Científico de O Clone
De
outubro de 2000 a junho de 2002, 86 das 410 matérias sobre ciência
publicadas na revista Istoé e 22 das 167 publicadas em Veja enfocaram
genética. Na trilha do Projeto Genoma, cuja conclusão foi noticiada
em fevereiro de 2001, do nascimento da Ovelha Dolly, primeiro
mamífero clonado de uma célula adulta apresentada ao mundo em
1997 (tendo nascido em 1996) (2), a genética ganhou considerável
espaço nas matérias científicas, que deram conta da esperança
de que a genética seja capaz de trazer cura para doenças degenerativas.
Em Veja, a maior parte das matérias relacionadas à Engenharia
Genética refere-se a fertilização in vitro, manipulação
de genes para escolha de características de bebês humanos, além
de mecanismos de obtenção de filhotes de criação mais resistentes
e imunes a certos males. Já a Istoé trouxe também algumas matérias
que tentam atrair pelo inusitado do fato, como uma batata transgênica
que faz barulho quando precisa de água por ter recebido o gene
de uma água viva (3).
Algumas
notícias de experiências que não deram em nada, como o aparelho
capaz de fazer eletrocardiograma por telefone ou o remédio de
regenera massa óssea atacada pela osteoporose, reforçam a idéia
de que o que é notícia para o jornalismo pode não ser notícia
para a ciência, do que deriva a já reconhecida contrariedade com
que muitos cientistas dão entrevistas a jornalistas, temerosos
de que sejam publicados fatos exagerados sobre suas experiências,
pondo em xeque o rigor de seus métodos. Epstein (2001) localiza
esse ponto de tensão afirmando que o conceito de notícia para
os jornalistas é diferente do conceito de notícia para os cientistas:
enquanto para os primeiros significa fato inesperado, inusitado,
para os cientistas significa fato confirmado exaustivamente.
Epstein
ilustra com um exemplo as conseqüências potencialmente indesejáveis
das condições de produção diferenciadas de uma e outra formação
discursiva comparadas no parágrafo anterior:
"Nicotina
ajuda a memória mostra estudo" é o título de uma notícia
de jornal seguida da informação de que pesquisadores norte-americanos
explicaram que a nicotina melhora a memória e o aprendizado. A
nicotina presente nas folhas de fumo aumenta a transmissão de
impulsos nervosos no hipocampo, região do cérebro responsável
por aquelas funções. Segue uma citação da fonte da notícia: a
revista Nature, sem mencionar a data ou o número. No sentido jornalístico
trata-se de algo inédito, aparentemente referendado por uma revista
científica altamente prestigiada, merecendo o espaço ocupado no
jornal. No sentido científico, se trata de algo, possivelmente
também inédito, mas que certamente deverá ser ratificado ou retificado
por outros pesquisadores antes que possa ser aceito pela comunidade
científica. ( EPSTEIN, 2001, p. 105)
Nesse
sentido, as telenovelas potencialmente agravam a tensão notícia
para ciência/notícia para o jornalismo na medida em que relatam,
em suas tramas, fatos que o próprio jornalismo noticiam com palavras
de modalização do tipo podem como realidade confirmada
e com todas as conseqüências para o meio social retratado, que,
afinal, é muito semelhante ao meio social do qual os telespectadores
fazem parte. Assim o foi com o clone humano, relatado como uma
experiência possível de acontecer segundo alguns cientistas que
o jornalismo científico transforma em fontes e encenado como algo
real na trama ficcional a partir do uso de recursos capazes de
conferir verossimilhança.
A
Ciência na telenovela O Clone
Ao
lado da cultura árabe, a telenovela O Clone optou por retratar
a ciência como temática centra, a partir da qual se desenvolveram
outras subtramas, como amor, conflitos psicológicos, ética. As
complicações geradas pelos avanços científicos notadamente,
o desenvolvimento de um clone humano tornam-se ponto de
partida de muitas das discussões enfocadas.
A
ciência se desenvolve, fundamentalmente, no laboratório do Dr.
Albieri (Juca de Oliveira), um geneticista conhecido internacionalmente
por fabricar clones de animais. Detentor de conhecimento suficiente
para fazer o clone humano, um dos sonhos do cientista é tornar-se
internacionalmente famoso graças a esse feito, como será verificado
quando da análise, no primeiro capítulo da novela, de como a ciência
é apresentada ao telespectador.
O
conflito principal gerado pela ciência é a necessidade de forjar
nova identidade para o clone humano quando este atinge a idade
adulta. Cópia de Lucas (Murilo Benício), Leo (Murilo Benício)
revive, vinte anos mais tarde, experiências semelhantes às vivenciadas
por sua matriz. Esse encontro do passado com o presente causa
transtornos a vários personagens, principalmente para Jade (Giovanna
Antonelle), que enxerga em Leo o Lucas que ela gostaria de ter
de volta, mas que havia sido profundamente modificado com o tempo.
Já para Leo, o fato de ser um clone provoca uma crise existencial
ainda maior que a retratada por outros personagens.
Sofisticando
a discussão levantada pela autora Glória Perez em Barriga
de Alguel", produção de 1990 sobre maternidade, em O
Clone, maternidade e paternidade entram em discussão, agora
com tintas muito mais carregadas nos tons tecnológicos que na
trama anterior. Criado por Albieri a partir de uma célula de Lucas
e o óvulo de Deusa, Leo possui código genético idêntico ao de
sua matriz, tendo, portanto, geneticamente, a mesma filiação.
Por outro lado, Deusa (Bia Lessa), assim como Cláudia Abreu em
Barriga de Aluguel, emprestou, ainda que involuntariamente, o
útero para que o embrião se desenvolvesse.
O
contraponto para a avançada tecnologia ficou por conta do contraste
entre o Ocidente e o Oriente retratado a partir da cultura árabe.
Em uma das contraposições, o personagem Tio Ali (Stênio Garcia)
acusa Albieri de querer tomar o lugar de Ala (Deus),
o único que pode criar vidas com propriedade.
Não
é à toa que a telenovela aposta nos contrapontos para apresentar
a ciência. Assim como as identidades sociais são construídas a
partir da diferença em relação a uma identidade considerada natural
(SILVA, 2001), também na composição de uma identidade para a as
novas tecnologias e possibilidades oferecidas pela ciência, a
autora Glória Perez o faz a partir da oposição das novas realidades
com a realidade já estabilizada para o espectador.
Em
novembro de 2001, as revistas semanais de informação brasileiras,
assim como de jornais de diversas partes do mundo, noticiaram
que o geneticista italiano Severino Antinori teria anunciado o
projeto de gerar um clone humano, notícia a partir da qual surgiram
diversas outras, algumas das quais dando conta de que já o clone
humano já estaria sendo gestado. O Clone repercute essas
matérias em algumas cenas, como a que cede para análise o diálogo
reproduzido a seguir, em que Albiéri(Juca de Oliveira) é apresentado
ao geneticista Simonetti(Luiz Carlos Arutin)) pelo presidente
do conselho de ética, Dr. Vilela (Sérgio Mamberti):
Vilela
(a Albiéri): Eu queria apresenta-lo ao dr. Simonetti. Dr.
Simonetti é extraordinário, um opositor ferrenho do Antinori
Dr.
Simonetti: É claro, não se pode clonar um ser humano. Não
dá pra aplicar essa tecnologia em seres humanos. Isso é bravata,
mentira. Essa gente quer aparecer a todo custo e sai por aí vendendo
enganos.
Vilela:
Essa também sempre foi a minha posição. É o que eu sempre digo
a esses geneticistas que aparecem por aqui dizendo que vão fazer
o clone, que já fizeram...
Membro
do conselho: O que é que não se faz por quinze minutos de
sucesso...
Simonetti:
Pois eu desafio a qualquer um a me mostrar um resultado como esse.
Não há hipótese nenhuma, senhores, uma experiência como essa não
pode dar bons resultados.
Vilela:
Eu acho q nós todos aqui concordamos plenamente com o doutor Simonetti.
Aliás, eu gostaria de me desculpar, Albiéri, mas eu já cedi o
horário da sua palestra ao nosso querido dr Simonetti. Eu tenho
certeza que você vai compreender que, afinal de contas o dr. Simonetti
tem muito a nos dizer sobre o tema clonagem humana, hoje em dia
é o centro das nossas discussões mundialmente
Albiéri:É,
eu estou vendo, realmente ele tem muito a dizer... (Albiéri sai.)
Albiéri
X Antinori
Na
cena, percebe-se a menção a fatos que, pressupõe-se, o telespectador
já conhece, por constarem em textos amplamente divulgados na sociedade,
como, por exemplo, que o geneticista Severino Antinori, citado,
existe na vida real interdiscurso genética/ficção
e tornou-se famoso por defender a clonagem humana, tendo anunciado,
inclusive, que o projeto de gerar um clone humano já estaria em
andamento no ano de 2001 (4). A incredulidade com que algumas
matérias tratam a produção do clone humano é reproduzida pelo
personagem Simonetti, quando ele diz ser impossível aplicar as
técnicas de clonagem de animais em seres humanos, e reforçada
por Vilela, que já apresenta o colega como extraordinário
por ser opositor de Simonetti. Mas é justamente aí que reside
a problematização. Os telespectadores sabem que Albiéri já contou
ao presidente da comissão de ética que fez um clone e que este
já atingiu a idade adulta. A forma como Vilela se comporta, ao
concordar com Simonetti, ora trocando olhares com Albiéri, ora
evitando encara-lo, mostra uma postura de polidez, mecanismo de
proteção para um profissional que resolve encobrir a verdade para
não complicar o colega Albiéri , que
realizou a clonagem humana sem submete-la ao conselho de ética,
mas que, ao mesmo tempo, é dubiamente apresentado como um comportamento
que pode revelar uma certa inveja de Vilela em relação ao feito
de Albiéri. Há uma clara comparação entre Albiéri, um personagem
fictício, e Antinori, um personagem real, sendo inclusive, criada
uma certa rivalidade entre os dois para ser o primeiro a realizar
o clone humano.
Ao
contrário dos depoimentos de dependentes químicos apresentados
na mesma novela na trama de merchandising social antidrogas, acompanhadas
sempre de sonoplastia e estética características de que se tratava
de algo a parte da ficção, no diálogo analisado, os
fatos reais encontram-se misturados a ficção. Não há uma clara
menção a Antinori como um personagem real e apenas os espectadores
que acompanham mais atentamente as notícias científicas divulgadas
nos jornais são capazes de perceber que se trata de uma intertextualidade.
Os demais podem perfeitamente concluir que o diálogo objetiva
apenas demonstrar um comportamento contraditoriamente anti-ético
para o presidente do conselho de ética ao garantir que também
não acredita na possibilidade da clonagem de seres humanos apesar
de estar ciente da experiência de Albiéri. E mais, para evitar
uma possível confissão pública, suprime uma palestra de Albiéri
para dar espaço à fala de Simonetti, que muito tem a
nos dizer sobre clonagem humana.
Tanto
para os espectadores que acompanham a ciência pelos jornais (e,
portanto, que conseguem distinguir Antinori como um personagem
real) como para os que não acompanham, a cena lança o sentimento
de desconfiança sobre a realização da experiência de clonar um
ser vivo na vida real, com raciocínios do tipo se na ficção
o clone humano já atingiu os vinte anos de idade sem que sua existência
tenha sido revelada sequer para a comunidade científica, quem
garante que isso também não acontece na vida real?.
Outra linha de raciocínio pode levar à desconfiança sobre os procedimentos
da comunidade científica, tanto para a motivação de seus experimentos
clonar um ser humano apenas para ser o primeiro a provar
que isso é possível como para os procedimentos relativos
à divulgação do que acontece nos laboratórios, ao retratar personagens
cientistas cujas atitudes públicas se pautam por uma ética permeada
de interesses políticos e de batalhas de ego.
Considerações
Finais
Ao
lado de uma diversidade de veículos que se prestam à divulgação
da ciência, as telenovelas têm revelado, em especial desde o início
da década de 1990 com Barriga de Aluguel, outra trama de
Glória Perez, uma certa vocação para também divulgar acontecimentos
científicos. O visível crescimento do interesse em abordar temas
científicos, seja por considerar a ciência como um tema particularmente
intrigante, seja para responder a uma demanda crescente da sociedade
por repercutir as matérias publicadas nos meios tradicionais de
divulgação científica, pode ser percebido pela centralidade da
abordagem em tramas como O Clone, novela das 21h
o horário nobre da teledramaturgia nacional analisada no
presente estudo.
Ao
mesmo tempo em que admite a grande potencialidade do gênero ficcional
como importante veículo de divulgação dada sua capacidade de mobilização,
a análise empreendida neste paper alerta para a necessidade
de observar com cuidado o serviço prestado pela telenovela no
tocante aos propósitos da divulgação científica. A existência
de uma pauta de fatos reais que compõem a base a partir da qual
a ficção é construída, ao mesmo tempo em que ajuda a repercutir
fatos enfocados com a rapidez característica dos procedimentos
jornalísticos, trazendo-os para as agendas de discussões das pessoas
em seu cotidiano, pode causar confusão quanto à compreensão de
até aonde vai a pesquisa e onde começa a imaginação do autor.
Exemplo disso é a cena analisada neste artigo, que pode confundir
o espectador quanto aos limites realidade/ficção entre a realização
da experiência de clonar seres vivos pelo cientista da ficção
e pelo cientista real que, na trama, aparecem lado a lado.
Notas
1) Clonagem humana: os limites
entre o necessário e o possível. Ciência Hoje online. http:://www.uol.com.Br/cienciahoje/ch/ch176/clone.htm
2) "Ovelha Dolly, 1º mamífero
clonado do mundo, é sacrificado". Folha de S. Paulo Online,
14/02/2003. http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u8460.shtml
3) Revista Istoé,1631, página 22
4) Istoé, 1682, pg 62
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Regina Coeli de Araujo Guerra
Mestranda em Comunicação – PPGCOM/UFPE.
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