Wilson da Costa Bueno*
Não há cristão que não tenha experimentado um dia a sensação pouco agradável que acompanha o espirro e o soluço, reações normais do organismo a fatores perturbadores que se originam seja do ambiente externo, seja dentro do próprio corpo.
Basta uma poeirinha, por exemplo, e boa parte das pessoas não resiste: "lasca" um sonoro Atchim!, como se quisesse derrubar o mundo. Se a vítima convive com uma rinite alérgica, aí então o negócio é bravo. Sobretudo no inverno, para estes pouco afortunados, os espirros se sucedem com muita constância e chegam a tirar-lhes o fôlego.
Mas por que eles ocorrem? São eles uma doença? Dá prá evitá-los? Calma, amigo leitor, vamos tirar logo as suas dúvidas.
Em primeiro lugar, o espirro não é mais do que uma defesa natural do organismo que, incomodado, reage imediatamente. Na verdade, a mucosa do nariz é que fica irritada devido a um agente qualquer: um odor muito forte, como o de um desses perfuminhos com que algumas senhoras muito cheirosas costumam nos brindar no elevador, ou mesmo uma flor e as impurezas da poluição.
Em segundo lugar, espirro não é doença, é uma reação natural do organismo.
Finalmente, na maioria dos casos não dá pra evitar. Só se você souber o que provoca o espirro e fugir desta coisa; caso contrário, é atchim pra todo lado.
Espirrar de vez em quando é, portanto, normal, todo mundo espirra uma vez na vida.
Agora, se você tem como hábito espirrar, então está configurado um caso típico de alergia e aí não se pode "deixar barato": é preciso eliminar o problema. As pessoas que sofrem de rinite alérgica espirram muito e aí é fácil identificar porque os espirros não vêm sozinho: geralmente, são acompanhados de coriza ou de coceira, principalmente no nariz, mas também nos olhos, nos ouvidos ou no céu da boca, para citar alguns lugares.
Só um especialista poderá indicar a maneira de combater a rinite (descobrindo o agente que provoca alergia, ministrando vacinas para combatê-la etc) e, em consequência, os espirros irão embora.
Já o soluço é diferente: ele ocorre em determinadas situações e deriva de uma contração brusca do diafragma, depois uma inspiração e o fechamento da garganta. O soluço não é nada mais do que a passagem do ar pela garganta; é lógico, uma passagem barulhenta.
A pessoa fica incomodada porque o soluço não é uma sensação agradável; pelo contrário, parece que a gente imita um carro que não quer pegar e começa a dar uns pequenos trancos. Para o carro tudo bem, mas a gente não se sente bem, não é verdade? Em geral, os soluços duram alguns minutos e algumas providências como prender o ar, tomar água, comer um pedaço de pão etc podem ajudar a resolver o problema, embora existam especialistas que não "botam" fé nestas providências. Tem gente que ficou soluçando por anos (evidentemente, este caso é raro e está no livro dos recordes) e, imagine, deve ter sido uma "barra". Nosso organismo reage mesmo. É só provocá-lo. Um bom atchim e hichics prá você.
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*Wilson da Costa Bueno é jornalista, professor
do programa de Pós-Graduação em Comunicação
Social da UMESP e de Jornalismo da ECA/USP, diretor da Comtexto
Comunicação e Pesquisa.