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"Medo
de ginecologista": dramaturgia, gênero e saúde
da adolescente na rádio-escola
Maria Inês Amarante*
Resumo
As
rádios comunitárias têm apontado novos caminhos para a participação
social dos comunicadores excluídos dos meios de comunicação massivos.
Porém, uma das maiores dificuldades para a afirmação desses veículos
tem sido a ausência de um modelo de programação educativa capaz
de atender às necessidades de seus ouvintes. Em Fortaleza, no
Ceará, a chegada do rádio na escola trouxe uma nova perspectiva
de atuação de adolescentes através da criação de materiais informativos.
O objetivo principal deste estudo, foi verificar em que medida
esses jovens comunicadores inovam na produção de mensagens para
essas rádios, se estão apenas "reproduzindo" estereótipos
da grande mídia e quais são as perspectivas apontadas pelo uso
da linguagem dramática.
O
trabalho, recorte de uma ampla pesquisa sobre a participação do
adolescente no meio de comunicação escolar, revela as alternativas
encontradas no suporte dramático quando da abordagem de questões
de saúde do jovem. Nota-se que, ao transmitir informações básicas
sobre o corpo e a sexualidade feminina, as meninas evidenciam
desigualdades de gênero no cotidiano. A metodologia utilizada
na pesquisa foi: levantamento bibliográfico e documental, questionários
e entrevistas semi-estruturadas e análise semiológica (Greimas)
do roteiro ficcional "Medo de Ginecologista", baseado
em uma visita médica.
Palavras-chave:
Rádio-escola; adolescentes; dramaturgia; gênero e saúde
I.
Introdução
A
primeira constatação que se nos impõe nos dias de hoje é de que
os media são utilizados para produzir um modelo de comunicação
de mão única, com características bem próprias. Ao mesmo tempo
em que se propõem a servir ao consumo das "massas",
veiculam mensagens distantes da realidade, não cumprem plenamente
com sua função sócio-educativa (ORTRIWANO, 1985, p. 53).
O
sistema radiofônico brasileiro, sob o controle do Estado, tem
evidenciado os interesses políticos e econômicos que regem as
concessões (PERUZZO, 1999, p. 135). Desta forma, longe de representar
um canal aberto para a difusão da educação e da cultura que imperou
em seus primórdios (MOREIRA, 1991, p.20), o veículo cedeu lugar
a uma programação que, pouco a pouco, passou a atender, sobretudo,
o interesse comercial de seus responsáveis (FANUCCHI, 1998, p.
3).
As
necessidades e aspirações de boa parte da população estão situadas
em um plano bem diferente do que é produzido pelo jornal, o rádio
ou a televisão. É natural, portanto, que tenham surgido reivindicações
por parte daqueles que foram excluídos da chamada indústria cultural.
Segundo Chauí (1986, p. 2), "a noção e a prática da Comunicação
de Massa excluem a idéia e a prática da opinião pública".
Entre os motivos expostos, a autora afirma que "a opinião
pública pressupõe o direito à expressão e o direito à informação
(...) mas a Comunicação de Massa subordina a informação às exigências
do mercado e do Estado (...)."
A
luz de uma história recente, revela-se uma dinâmica de mobilizações
de novos atores sociais pela conquista do espaço midiático. Desse
despertar nasceu uma proposta inovadora no seio das classes populares:
a comunicação alternativa, comunitária e participativa, praticada
principalmente no rádio. Os moradores da periferia de inúmeros
centros urbanos convivem atualmente com esse modelo democrático
de comunicação e têm tido a oportunidade de expressar-se, passando
de simples receptores da mídia comercial a emissores-produtores
ativos na rádio do próprio bairro, situando-se a um nível de participação
social considerada ampliada por Peruzzo (1997, p. 248). Este acesso
popular, ainda em processo, tem favorecido a condução de muitas
lutas comunitárias contra a violência da exclusão social.
No
entanto, nota-se que a potencialidade educativa do rádio tem sido
pouco explorada em toda a sua extensão nas rádios comunitárias.
Entre as limitações para sua prática, conforme levantamento feito
por Peruzzo (1999, p. 151), estão a pouca diversidade de assuntos,
a falta de competência técnica, a carência de recursos financeiros,
a inadequação dos meios, etc.
Por
outro lado, devemos considerar que para uma transmissão eficaz
de mensagens visando sensibilizar e educar a população urbana
e rural, o desafio que se apresenta no momento é a arte de encontrar
a "linguagem adequada". Há, pois, inúmeras frentes de
trabalho neste campo, passíveis de alterar a própria concepção
do uso do rádio em proveito do desenvolvimento local.
II.
Rádios comunitárias e rádio-escola em Fortaleza
A
exemplo do que ocorria em outras regiões do país e da América
Latina desde os anos 1970, Fortaleza viu nascer em seus bairros
de periferia sistemas de comunicação móveis, por meio de alto-falantes,
cuja finalidade era produzir informações e conhecimentos que interessassem
efetivamente às comunidades, retratando a realidade local. Este
sistema tem sua origem nas chamadas "radiadoras", muito
comuns nas cidades do interior do Estado antes do aparecimento
da televisão, e meio de difusão que transmitia apenas músicas
e informações de utilidade pública.
A
Arcos-Cepoca - Associação de Rádios Comunitárias de Fortaleza,
cuja experiência em formação e mobilização de comunicadores fora
herdada do Cepoca (COGO, 1998, p. 123), que vinha organizando
equipes de monitores desde o final da década de oitenta, procurou
manter ciclos de formação radiofônica para comunicadores populares,
realimentando as rádios comunitárias. A partir de 1996 ela passa
a desenvolver projetos onde era grande o contingente de jovens,
procurando envolvê-los nas atividades de comunicação em seus bairros
(ARCOS-CEPOCA, 1996, p. 8).
Entre
1997-98, a entidade, em parceria com a Prefeitura local e o UNICEF,
organiza uma experiência inovadora em comunicação alternativa:
a rádio-escola (1) (AMARANTE, 2004, p. 66). A idéia pioneira,
unindo a experiência de comunicadores populares à de jovens estudantes,
partiu de uma comunidade da periferia, onde adolescentes, que
haviam recebido formação radiofônica, transformaram o sistema
de som da escola em uma rádio comunitária.
O
"Projeto-piloto de rádios comunitárias escolares" foi
implantado em seis escolas da rede pública municipal. Apesar da
simplicidade dos equipamentos instalados, os alunos passaram a
atuar como comunicadores, apresentando uma programação educativa
que mesclava vários formatos radiofônicos.
III.
Entre dramas e conflitos: o radioteatro na escola
Com
a finalidade de avaliar as tendências dominantes na produção de
mensagens pelos adolescentes cearenses e a importância do meio
de comunicação na escola, realizamos uma pesquisa exploratória
em duas rádios escolares (2) na primeira fase do projeto, no ano
2000, estudo esse atualizado entre 2002 e 2004.
Embora
a maioria dos alunos seja constituída de ouvintes assíduos de
rádios FMs comerciais, a programação que ofereciam na rádio-escola
incluía muita música, recados do coração, orações, agenda escolar
e rádio-revistas temáticas, abordando assuntos variados e próximos
da realidade, tais como: sexualidade, drogas, gravidez na adolescência,
planejamento familiar, DST, AIDS, campanhas contra a dengue, sobre
o ECA (3), preservação do meio ambiente, violência infantil e
até o desemprego dos pais.
Aos
poucos, esta programação foi sendo aprimorada com a introdução
de sociodramas (4), que são apontados, por unanimidade, como um
modo criativo e bem humorado de despertar o interesse dos educandos
para a discussão de temas pautados no cotidiano, servindo igualmente
de catalisador da adesão de novos alunos ao trabalho radiofônico.
Pela
aplicação com que elaboravam estes roteiros ficcionais, exprimindo
fatos, descontentamentos ou conflitos gerados no meio do qual
fazem parte, pudemos perceber que esta forma de expressão era
importante no processo educomunicativo, fato este igualmente notado
nos cursos de formação que ministramos (AMARANTE, 2000, p. 16).
Alguns
resultados de análises de radiodramas mostram as possibilidades
educativas da ficção para a abordagem de temas da atualidade no
rádio a partir do ideário jovem.
É
interessante notar que o rádio no Brasil já havia realizado tal
proeza entre os anos 30-50 (ORTIZ, 1989), apresentando radionovelas
que marcaram época, mas abandonou o gênero ficcional com a chegada
da televisão. Este fato nos levou a questionar sobre a possibilidade
de resgate da radiodramaturgia nos dias de hoje, melhorando a
qualidade da participação social dos ouvintes/receptores. O uso
do radioteatro poderia ser considerado uma alternativa sócio-educativa
em comunicação?
Embora
a produção ficcional seja mais complexa, por envolver um sem-número
de preocupações além da escrita de um texto - como o elenco, a
interpretação e os recursos sonoros que utiliza, nas rádios comunitárias
escolares o mesmo princípio se repetia.
Esse
fenômeno da "magia do teatro", ou do drama, como modo
de comunicação, há séculos vem despertando o interesse de autores
e de estudiosos. Uma das primeiras referências a que se faz sobre
o assunto vem do Capítulo VI da Poética de Aristóteles, onde a
tragédia é apresentada como imitação (mimesis), no sentido de
uma recriação da realidade vivida por um ser humano através de
ações, visando a resolução de um conflito. Ele seria, portanto,
a mola propulsora do drama.
O
gênero dramático representa então o que somos: ele imita a vida,
recria situações e comportamentos que já vivemos, estamos vivendo
ou queríamos viver. Etimologicamente, drama (do latim), drâma
(do grego) significa ação. Porém, uma ação apenas pode ser dramática
se ela gera outra ação oposta; "para ser dramática, uma determinação
(vontade) humana tem que produzir interesses e paixões antagônicos"
(SENNA, 1993, p. 54).
O
homem teria, portanto, que optar entre uma coisa e outra para
encontrar soluções, resolvendo-se como ser dialético, que se desenvolve
a partir de antagonismos e contradições (COMPARATO, 1996, p. 95).
Aristóteles
(apud PALLOTTINI, 1989, p.8) já afirmara que todo ser humano gosta
de representar e de ver coisas representadas. O faz-de-conta teatral
seria então, por si só, uma forma de atualizar situações passadas,
pois ao se contemplar a imagem (do que foi) se aprende a identificar
a situação original (ARISTÓTELES, p. 33).
A
partir do estudo da obra aristotélica, vários estudiosos se debruçaram
sobre a questão. Nos anos 40, John H. Lawson (apud PALLOTTINI,
1996) (5) afirma "que o caráter essencial do drama é o conflito
social": - conflito de força humana (do ser humano para outro
ser humano, ou grupos...); - conflito de forças não-humanas (com
questões cósmicas ou páranormais) e conflitos internos (de ordem
psicológica, moral ...), no qual a vontade consciente é forte
o bastante para trazer o conflito a um ponto de crise.
Baseando-se
em uma "poética" marxista, Bertold Brecht (apud CANDIDO
et al., 1972, p. 97) diz que tudo o que tem relação com "o
conflito, o choque ou o combate" nunca pode ser tratado fora
da dialética materialista, pois é proveniente de uma força social
real que determinaria estas atitudes. A representação teatral
incitaria, pois, "à ação e não à contemplação".
Em
qualquer das hipóteses, há uma preparação dramática, criando um
ambiente propício que predispõe o público a aceitar o conflito
social evidenciado ou revelado (PALLOTTINI, 1988, p. 33). Talvez,
por este motivo, haja uma confluência de diversos autores quando
afirmam, como Bordenave (1983, p. 89), que "os problemas
comunitários apresentados através de dramas (...) (6) fazem a
comunidade enxergar-se como num espelho", facilitando a discussão
coletiva posterior. Acrescentaríamos a este raciocínio que isto
se dá sob nova ótica, pois as pessoas introjetariam os próprios
conflitos, restituindo-os ao grupo.
As
ações empreendidas pelos personagens, para a resolução desse(s)
conflito(s), têm todas uma finalidade na história dramática. Daí
o personagem ser a base do drama, pois através dele se desenvolve
a ação. E a ação dramática é uma síntese entre o subjetivo e o
objetivo (subjetividade do gênero lírico, introspectivo, e objetividade
do gênero narrativo, que conta o que é exterior).
IV.
Do sonho à realidade: saúde e sexualidade feminina na escola pública
Quando
questionados sobre a preferência pelas telenovelas, a maioria
dos estudantes aponta o fato de que elas apresentam histórias
interessantes. Na realidade, esta observação está, seguramente,
relacionada ao fato de que a telenovela predomina na programação
nacional televisiva (ORTIZ et al., 1991, p. 91). Porém, as opiniões
se dividem quando se trata de avaliar se elas retratam bem ou
apenas um pouco a nossa realidade: 46% dos jovens, independentemente
do sexo, acham que elas fazem "sonhar com outra realidade"
(7).
Acreditamos
que a análise de um dos roteiros dramáticos criados por duas adolescentes,
"Medo de Ginecologista", apresentado na seção "Papo
de Garota" da Rádio-escola LUAR DO SERTÃO em setembro de
1999 (8), poderá enriquecer o debate sobre o uso desse formato
nas programações radiofônicas.
É
importante observar a maneira como as jovens trabalham a realidade
para construir a ficção, verificar se reproduzem situações ou
personagens, como as inventam e que alternativas encontram para
resolver seus conflitos.
Para
realizarmos uma leitura mais apurada do drama, Souriau (apud PALLOTTINI,
1989, p. 131) sugere a análise da correlação das situações dramáticas,
que podem ser alteradas no decurso da ação, sob o ponto de vista
de certas funções exercidas pelos personagens da história ficcional.
O autor chama de "função dramatúrgica" o modo específico
de "trabalho em situação de um personagem: seu papel próprio
enquanto força num sistema de forças" (1993, p. 52). Cada
personagem teria, portanto, uma força específica.
Nessa
mesma linha de avaliação, encontram-se as propostas feitas posteriormente
por Greimas (1995, p. 172-189) que, através de um "esquema
actancial", indicando as funções dos personagens, facilita
a compreensão da dinâmica das relações de interdependência que
estabelecem entre si ao longo da história, enquanto "actantes"
de um micro-universo. Tal concepção permite-nos compreender qual
é o sentido geral da atividade que lhes é atribuída, em que ela
consiste, se é transformadora e qual é o enquadramento estrutural
dessas transformações. Seriam elas a de sujeito, objeto, destinatário,
árbitro (ou motor do drama), adjuvantes e oponentes, representadas
como no seguinte quadro:
Árbitro è Objeto
è Destinatário
é
SUJEITO
ì
ë
Adjuvante
Oponente
Na
categoria actancial, a relação Sujeito&Objeto é articulada
com base no desejo, o Objeto podendo ser, ao mesmo tempo, o de
desejo e o de comunicação, também atuando no sentido de "busca".
Já entre o Árbitro (Destinador) e o Destinatário, prevalece a
marca de uma "missão" e o Destinatário pode, muitas
vezes, ser considerado como um "sujeito-herói". O Adjuvante
e o Oponente exercem funções contrárias: o primeiro traz ajuda
ao sujeito para que seu desejo se realize; enquanto que o segundo
cria obstáculo no decorrer da trama (GREIMAS, 1995, p. 176-180).
Levando-se
em consideração essa relação de forças e os conflitos decorrentes
destas, verificaremos as manifestações de ordem afetiva, psicológica,
sociológica e educativa, segundo modelo de análise sugerido por
Pallottini (1989, p. 147-9) que adaptamos ao texto das adolescentes,
onde aparecem os tópicos principais da composição do drama, alguns
dos quais também desenvolvidos por Comparato (1996). Tentaremos
evidenciar, ao longo do processo, a intencionalidade desses alunos
pois, como lembra Boal (1988, p. 97), a escolha do tema, da história
e dos personagens já revela uma tomada de posição por parte do
autor.
V.
O "Medo de ginecologista"
Narradora
Consultório ginecológico, início da tarde. Uma garota de uns 14
anos entra acompanhada da mãe. As duas
vão até a mesa da secretária. A mãe explica.
Rosane
Minha filha tem consulta marcada para as duas.
Leiliane
Pois não. Só um minutinho que o Doutor Pedro já vai atender
Elizânia
(assustada) Pedro?! É um homem? Vocês não têm médica mulher aqui?
Leiliane
Não, meu anjo, só o Doutor Pedro.
Narradora
A garota fica branca, parece que vai desmaiar. A mãe não está
nem aí, já tão acostumada com esse negócio de ginecologista. Senta
no sofá e lê uma revista feminina. E eu, que observo toda a cena
do outro lado da sala, vejo a menina roer as unhas e suar frio.
E lembro de mim mesma e de todas as minhas amigas nessa fase de
horror aos ginecologistas. No colegial era batata. Chegava uma
menina nervosa, anunciando:
Rosane
Estou sofrendo por antecipação! Minha mãe marcou consulta no ginecologista
prá mim!
Narradora
E aí começava o falatório...
Leiliane
Eu é que não vou com médico homem, nem ferrando! Imagine só, ficar
pelada na frente dele.
Elizânia
Tem gente que fala que eles enfiam o dedo na gente. Credo!
Rosane
É, mas se for mulher vai enfiar o dedo de qualquer jeito...
Elizânia
Mas, pelo menos, dá menos vergonha!
Leiliane
Minha irmã mais velha falou que dá vontade de rir, ficar lá deitada
com as pernas abertas. E que eles não colocam só o dedo, não.
Colocam um negócio que dói prá caramba!
Rosane
E a hora que eu tiver que contar que já transei? Já pensou se
ele dedura para a minha mãe?
Elizânia
Pior sou eu que nem transei ainda, nem sei como é. Vou morrer
de vergonha prá perguntar...
Narradora
E por aí iam, e pelo jeito ainda vão, as fantasias das adolescentes
de primeira viagem.
Calma
lá, pessoal! Primeiro, não importa se o ginecologista é homem
ou mulher. Antes de tudo, trata-se de um profissional que estudou
anos para isso. Nos dois casos, ele tem, sim, que nos examinar
com respeito e nos tirar todas as dúvidas. Caso você não goste
da atitude dele, reclame. O diálogo é sempre a melhor saída.
Quanto
ao papo de "enfiar o dedo", isso se chama exame de toque
vaginal. E geralmente só é feito em garotas que não são mais virgens.
Assim como o "negócio" que se coloca lá dentro chama-se
espéculo e serve para afastar as paredes da vagina, para que o
médico possa examinar o colo do útero. Não vou mentir: são exames
meio chatos, mas podem ajudar muito na prevenção de doenças.
Agora,
invertendo um pouco essa história, eu conversei outro dia com
uma ginecologista especializada em adolescentes e descobri algumas
coisas. Ela me explicou que, geralmente, a garota tem medo desses
exames, principalmente porque não conhece o próprio corpo. Muitas
meninas têm medo até de se tocar, colocar o próprio dedo na vagina
e se sentir, descobrir onde fica o clítoris, o períneo, os pequenos
e grandes lábios. Gente, os órgãos sexuais femininos fazem parte
do nosso corpo e da nossa vida, como todos os outros órgãos. A
gente conhece bem nossa boca, os olhos e o nariz, por que não
os nossos genitais? E sem esse papo que é feio! Isso me soa como
algo saído da Idade da Pedra. Nossos órgãos sexuais são lindos
e, quando bem usados, podem nos dar muito prazer e alegria. Portanto,
sem essa de medo de ginecologista. Eles existem para ajudar e
não para atrapalhar!
a)
Sinopse : uma garota de 14 anos vai com a mãe ao ginecologista.
Lá chegando, se assusta ao saber que será examinada por um homem.
A narradora, que presencia a cena, se lembra da própria atitude
na mesma situação e do medo de outras adolescentes que conhece.
A partir dessa lembrança, inicia-se uma outra história entre três
meninas que comentam suas dúvidas, medos e reações diante da visita
iminente ao ginecologista. A narradora dá esclarecimentos a todas,
ensinando que a visita ao médico é natural e necessária, conta
como ela se passa e enfatiza a importância da descoberta do corpo
feminino para a saúde e o prazer.
b)
Notícias sobre as autoras: as criadoras desse texto, Rosane e
Raquel, na época com 15 e 16 anos, sempre fizeram parte de uma
das equipes de produção, propondo temas, novos programas e matérias.
Gostavam de abordar questões relativas à sexualidade, como gravidez,
aborto, amor, relacionamentos a dois, pais e filhos, e também
sobre drogas e violência.
c) O universo do drama
Local
da ação : a ação, em um primeiro momento, se passa na sala de
espera de um consultório ginecológico e, num segundo, é ambientada
em um lugar qualquer de uma escola de segundo grau.
Estilo,
gênero: podemos considerar este texto como uma mistura dos formatos
dramático e narrativo, contendo um comentário final de valor educativo.
d)
Ação principal
Tema
e idéia central: partindo da idéia da saúde sexual feminina, através
da consciência do corpo, o tema escolhido foi a consulta ginecológica.
Unidade
de ação e estrutura: o texto apresenta dois momentos dramáticos
e um narrativo em torno do assunto norteador, sendo que a narradora
(fio condutor) lhe confere uma unidade de ação. A primeira seqüência
é interrompida para continuar em outra história sob a forma de
flash-back da própria narradora. A estrutura perde a constância
linear ao sofrer duas rupturas: a primeira, com o deslocamento
da ação do consultório para uma escola, mudando os personagens;
a segunda com a introdução de uma narrativa.
e)
Estudo dos personagens principais: na primeira seqüência: a narradora,
a mãe, a filha, a secretária, o ginecologista (citado); na segunda
seqüência: a narradora, as três amigas, o ginecologista (citado),
a irmã mais velha e a mãe (citadas); na terceira seqüência: a
narradora e os personagens citados (o ginecologista, as garotas
e uma ginecologista).
A
narradora
A
história é apresentada sob o ponto de vista da narradora-personagem,
que se encontra no mesmo local das ações, ou seja, na sala de
espera do ginecologista e na escola de segundo grau. Apenas observadora
no início, ela passa depois a recordar sua experiência e faz falar
os personagens de sua memória, aproveitando o momento para instruí-los.
Apesar
de não revelar a idade, percebemos que é mais velha do que a menina
que vai ao consultório, pois fala do seu curso colegial no passado.
Trata-se, portanto, de uma garota experiente, tendo ultrapassado
a fase de horror ao ginecologista. Ela não é apenas a que sabe
mais, mas também aquela que tem o poder de acalmar e esclarecer
as garotas que têm medo, dando-lhes conselhos e detalhes sobre
o funcionamento do corpo e da sexualidade feminina.
Boa
observadora, exprime seus sentimentos de solidariedade para com
todas as mulheres que sofrem a hesitação de revelar sua intimidade
a um médico homem. Usa de tom didático e não tem medo de chamar
tudo pelo nome certo, recusando os pudores e a linguagem chã.
Ensina as palavras técnicas, dá importância ao que aprendeu para
ensinar às interlocutoras, aproveitando a ocasião para fazer a
apologia, sem falsos moralismos, dos órgãos sexuais femininos,
que considera naturais e prazerosos quando bem usados...
Embora
não tenha nome, a narradora-conselheira já desenvolveu sua identidade
feminina e se sente à vontade como mulher, pois não tem mais medo
de ginecologista. Essa atitude, vinda de um personagem principal
condutor da ação, mostra segurança no uso de um poder de persuasão
sobre as outras garotas. Na qualidade de observadora experiente,
ela legitima sua "missão" de ajudar as colegas a aceitar
a identidade feminina sem medos e angústias, desmistificando o
papel do ginecologista como pessoa dotada de uma intencionalidade
subjetiva (simbólica) ou de um sexo (masculino), e enfatizando
apenas sua missão técnica. Essa distinção racional entre o biológico
e o profissional, feita por uma adolescente, quando considerada
dentro de uma perspectiva de construção das relações sociais de
gênero, que a princípio ocorre no espaço público, lugar da alteridade
(JOVCHELOVITCH, 1994, p. 65), campo das representações sociais,
apontaria para uma nova maneira de articular o feminino e o masculino.
Como a construção do "eu" feminino se dá igualmente
no campo simbólico (interior e subjetivo), ao fazer a distinção
entre os dois planos - subjetivo e objetivo -, o personagem sugere
um equilíbrio, uma harmonia de relações entre identidades diferentes.
A
mãe
Embora
sem nome, ela aparece aqui como um personagem de função bem identificada:
é a responsável pela filha e tem o poder de mediação entre o privado
e o social. Contudo, poder e experiência causam um grande distanciamento
entre mãe e filha. Enquanto uma já se acostumou com o ginecologista,
senta e lê uma revista calmamente, a outra, que vai à consulta
pela primeira vez, sofre calada. Essa atitude da filha, no entanto,
passa despercebida pela mãe, que parece nem notar o espanto da
menina ao saber que será examinada por um homem. Tal comportamento
revela desatenção, indiferença ou não conscientização do personagem
em relação à sua missão educativa, papel este que será confiado
a outra adolescente do drama, a narradora. Notamos também a falta
de comunicação entre duas gerações de mulheres.
A
outra mãe, citada pelas meninas que conversam na escola, confirma
este dado comunicativo-relacional, pois aparece como um personagem
censor ou temerário, que seguramente não compreenderia (e até
reprimiria) o comportamento sexual das mais jovens. Essa atitude
talvez fosse a mesma da mãe que acompanha a filha.
A
filha
A
jovem que vai ao consultório é uma adolescente comum. Parece inexperiente
e muito insegura, pois tem medo de ser examinada, principalmente
por um homem. Sente-se ameaçada por essa presença do sexo oposto.
Não sabemos precisamente qual é o seu relacionamento com a mãe,
pois não verbaliza sua angústia à genitora, passando a roer as
unhas e suar frio, reprimindo seus sentimentos. Podemos supor,
por sua atitude, que ela tem as mesmas dúvidas "e fantasias"
das outras meninas sobre o ginecologista.
A
secretária
A
única frase que pronuncia, não meu anjo..., faz dela uma mulher
compreensiva, carinhosa e maternal que, seguramente, já viu a
cena antes na sala de espera.
As
três amigas
A
primeira é uma adolescente que tem medo do ginecologista, como
a filha que a precede. Mas esse sentimento parece mais relacionado
ao fato de ser obrigada a revelar a esse sua experiência sexual,
correndo o risco de que a mãe saiba, o que demonstra sua insegurança
quanto à compreensão da própria genitora. Por outro lado, mostra-se
conformada com o fato de que o exame será feito por um homem,
pois vindo de um homem ou de uma mulher, o ato médico será idêntico
e desagradável, pois se for mulher vai enfiar o dedo de qualquer
jeito. Porém, duvida da cumplicidade e fiabilidade masculina,
ao temer que o médico viole seu segredo, dedurando sua vida sexual
à mãe.
A
segunda menina é tão medrosa quanto às outras, porém seu temor
maior tem origem no pudor de ficar nua na frente de um médico
homem, expondo seu corpo. Teme também pela situação vexatória
de ter que ficar deitada com as pernas abertas e sofrer com a
crueldade daquele que, além do dedo, coloca um negócio que dói
pra caramba, numa quase alusão à defloração, o que remete à virgindade.
Tem como aliada uma irmã experiente que tentou encontrar humor
na situação do exame ginecológico, pois teve vontade de rir.
A
terceira menina é a única que confessa sua virgindade e o medo
de perdê-la na consulta ginecológica. Preferia ser examinada por
uma mulher, pois dá menos vergonha e não mostra temor em esclarecer
suas dúvidas sobre sexo com o médico, apenas vergonha.
As
três amigas se complementam, parecendo compor uma síntese/amostragem
das dúvidas das adolescentes atuais, cuja contradição maior seria
a de falar com naturalidade em "transa" sem, no entanto,
conhecer o próprio corpo.
O
ginecologista
Na
construção da dramaturgia, o que faz um personagem ganhar mais
relevo "é o que dele dizem as demais personagens, é sua construção
e visualização nas réplicas alheias" (LESKY apud MENDES,
1995, p. 22). Desta forma, os personagens citados acabam se sobressaindo
em relação aos demais. Esse é o caso desse médico que nunca aparece,
tampouco diz algo de si durante toda a trama. Isto intensifica
a importância da construção de sua imagem a partir das diversas
gradações de medos femininos, revelados pela linguagem referencial.
Todas as personagens adolescentes mostram a dificuldade de aceitação
do "outro" masculino, cuja representação simbólica se
concentra na figura do ginecologista, como de alguém que causa
horror, sofrimento, provoca dor e vergonha nas mulheres, não merecendo
confiança por não respeitar a intimidade física ou psicológica
feminina. A reconstrução dessa imagem só é trabalhada no comentário
da narradora, que aproveita para sugerir uma reconciliação masculino/feminino
no mesmo espaço profissional, com a inserção de outro personagem
citado, o de uma ginecologista especializada em adolescentes.
f) Obstáculos enfrentados pelos personagens: os conflitos
O
conflito-motor do drama é interno, subjetivo, gerado pelo medo
que as jovens, virgens ou não, teriam do médico ginecologista.
Esse sentimento onipresente direciona, num crescendo, toda a trama
até a apoteose educativa mediadora.
g) Situações dramáticas
Situação
inicial:
Árbitro: o ginecologista è
Objeto: saúde sexual è
Destinatário: a filha
é
Sujeito: a filha
ì ë
Adjuvante: a mãe, a secretária Oponente:
o ginecologista, o medo
Situação intermediária:
Árbitro: o ginecologista è
Objeto: saúde sexual è
Destinatário: as três amigas
é
Sujeito: as três amigas
ì ë
Adjuvante: a irmã mais velha Oponente:
o ginecologista, o medo, a mãe
Situação final: (narrativa):
Árbitro: o/a ginecologista è
Objeto: saúde e educação sexual è
Destinatário: as adolescentes
é
Sujeito: as adolescentes
ì
ë
Adjuvante: a narradora Oponente: o desconhecimento do corpo
Nas
situações inicial e intermediária perdurou o entrave (oponente)
do medo (do desconhecido) e do ginecologista, sendo que os sujeitos
femininos da ação, ora a filha, ora as amigas adolescentes, foram
preservados. No primeiro episódio, os adjuvantes são a mãe e a
secretária; já no segundo, é a irmã mais velha que cumpre o papel
de encorajar a irmã, a mãe passando para a esfera conflitual do
medo adolescente (perda da intimidade, do segredo guardado de
sua experiência sexual).
A
situação final de resolução dos conflitos, pela intervenção da
narradora, mostra o árbitro como sendo masculino/feminino (o/a
ginecologista) numa reconciliação das relações comuns entre os
dois gêneros (coincidentemente implícitos no próprio substantivo
que designa a profissão). O medo (opositor) é minimizado, pois
passaria à esfera social pela concientização do papel exercido
pelo médico e pelo conhecimento objetivo do próprio corpo, mostrando
que a realidade social, representada por "outros", "desempenha
um papel constitutivo na gênese das representações, da atividade
simbólica e do próprio sujeito individual" (JOVCHELOVITCH,
1994, p. 79).
g)
Adequação dos meios empregados pelas autoras ao fim proposto.
Tema e eficiência da comunicação
A
abordagem de um tema delicado como esse, que diz respeito tanto
à saúde como à intimidade das adolescentes, num espaço público
de convivência entre meninos e meninas, cria um precedente na
história da produção em rádios escolares. Usando um jogo de desconstrução
e reconstrução de imagens, de maneira didática, as autoras conseguem
passar a mensagem comunicativa ao grupo, em sua totalidade, e
muito principalmente às meninas, no corpo de quem tudo acontece.
A
linguagem coloquial e didática da narradora, em contraste com
a linguagem por vezes chã das meninas, sugere um jogo de articulações
entre o subjetivo e o objetivo, presente em todos os momentos
da trama, numa tentativa de consenso, de construção de uma identidade
comum.
Na
própria escola, as comunicadoras pediram e receberam autorização
da diretora para a veiculação do texto tal e qual fora concebido.
Envolveram também, num debate posterior à apresentação da peça
radiofônica, outros colegas, com a intermediação de uma professora
(assistente pedagógica), maneira encontrada para compartilhar
dúvidas e esclarecimentos. Mesmo que pais (e mães) não se envolvam
no diálogo com os jovens sobre assuntos da esfera da educação
sexual, ele pode ser colocado em pauta na comunicação escolar.
Uma minisérie em três capítulos, sobre o tema Sexo e Educação:
família sem rumo, apresentada anteriormente na rádio-escola, (9)
já mostrava a preocupação das jovens com a orientação dos próprios
pais para uma melhor educação sexual das filhas.
V.
Mulher, dramaturgia e gênero na rádio-escola
Se
há alguns anos a mulher ocupava espaços nos meios de comunicação
por critérios de beleza ou agressividade (ABRAMO, 1982, p. 9),
hoje, nas rádios comunitárias, as jovens têm maior oportunidade
de expressão, independentemente dessas qualidades. Várias adolescentes
que atuaram e ainda atuam nas rádios escolares se aproximaram
do veículo por puro prazer, sem ter noção do que vem a ser "uma
questão de gênero". Notamos, entretanto, que os debates sobre
gênero no meio educativo ainda são tímidos e necessitam de estímulo
para ampliar-se e tornar-se mais corriqueiros.
Contudo,
ao perder o medo de falar, as meninas, como aponta Maria Cristina
Mata (1998, p. 13), vão "se descobrindo enquanto agentes
de transformação social, não esperando que outros tomem a palavra
em seu lugar". Esse exercício da palavra própria representa
uma construção cultural da identidade de gênero no espaço público,
operando transformações. A primeira delas advém do poder da linguagem.
Se
a identidade é vista como "um sistema de referência, que
usa semelhanças e diferenças, que cada um de nós sintetiza de
modo diferente, para formar uma unidade integral" (LAGARDE
apud MATA, 1998, p. 38), ao definir seu papel de comunicadora,
a jovem já está se investindo de uma missão reflexiva e atuando
naturalmente no espaço masculino. A conseqüência é que, ao valorizar
seu aporte, ela ganha a respeitabilidade das outras mulheres,
podendo formar novas identificações e estimular adesões, o que
é fundamental no meio comunitário.
As
adolescentes se aproximam facilmente de outras jovens, trocam
confidências e podem usar esse mesmo tom amigo no rádio para esclarecer
dúvidas femininas. Elas devem, pois, segundo Mata (1998, p. 40-1)
ser incentivadas a estender sua participação para além da comunidade,
fazendo parte de outras equipes de produção junto a locutoras
profissionais.
A
rádio-escola ou a rádio do bairro, se considerada como espaço
referencial de encontro e comunicação, exigiria uma nova pedagogia
voltada para a construção de uma linguagem própria a ser utilizada,
permitindo o resgate do verdadeiro sentido das palavras.
O
drama enquanto gênero "que comporta uma forma de luta cósmica
entre o bem e o mal" (ADORNO, 1998, p. 26), permite a utilização
de uma linguagem que expressa o sentimento da violência da exclusão.
Em
estudos de psicologia social desenvolvidos sobre a construção
das relações indivíduo-sociedade, vimos que a palavra, sobre a
qual está centrada a própria pedagogia de Paulo Freire, promove
a união entre o mundo material e o simbólico. Sendo o drama, a
ficção, uma maneira de articular o objetivo e o subjetivo, a palavra
dramática agiria mais facilmente nesse contexto de transição,
preparando o indivíduo para a aceitação da alteridade, para a
vida coletiva.
Assim,
há que se considerar o fato de que a escolha da linguagem dramática
pode remeter à resolução de conflitos sociais aos próprios ouvintes
das rádios comunitárias, coletivizando a reflexão sobre gênero,
cidadania e saúde.
Notas
1) A Radioescola é definida por Zeneida Alves Assumpção (1999,
p. 47), como "transmissões radiofônicas em circuito fechado
ou semi-aberto ocorridas no interior das escolas [com] programações
de cunho pedagógico e produzidas pelos alunos sob a orientação
de educadores ou especialistas".
2) Rádio-escola Luar do Sertão e Rádio-escola Novo Tempo
3) Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8169 de 13/07/1990.
4) Segundo Zampieri (1996, p. 91-3), o sociodrama, ou dramatização
de uma problemática social, foi criado pelo médico vienense Jacob
Levy Moreno, nos anos 70, que o definiu como sendo "um método
de tratamento de grupos por seus próprios recursos".
5) Comunicação pessoal no Curso de Dramaturgia, Centro Dragão
do Mar de Arte e Cultura, Fortaleza-CE, 1996.
6)
Bordenave acrescenta a este, outros meios audiovisuais como fotos
e vídeos.
7)
Uma das opções oferecidas no questionário aplicado.
8) O elenco de radioatrizes era composto por: Raquel (narradora),
Rosane, Leiliane e Elisânia
9)
No mês de março de 1999.
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Maria Inês Amarante
Mestre e Especialista em Comunicação Social pela
UMESP e USF – SEPAC, respectivamente; Licenciada em Letras
pela ULB – Universidade Livre de Bruxelas; Radialista e
radiodramaturga. Atualmente presta assessoria em comunicação
comunitária e educativa junto ao Terceiro Setor; é
pesquisadora na área e docente da UNICID.
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