Volume 1
Número 1

20 de dezembro de 2004
 
 * Edição atual    

          Enxergando além da notícia de saúde

          Parece óbvio e repetitivo insistir na afirmação de que a saúde é o nosso maior patrimônio e que é necessário tratar dela com o maior zelo possível. É importante não se esquecer disso em nenhum momento, quando se trabalha a comunicação para a saúde.

          A mídia tem uma grande influência junto à opinião pública e pode, quando não age de maneira responsável, penalizar negativamente a qualidade de vida dos cidadãos. Isso acontece, por exemplo, quando noticia novos medicamentos, prometendo resultados milagrosos, ou faz alusão a tratamentos que podem aliviar a dor ou promover a cura.

          Gurus (muitas vezes vestidos de branco e com registro no CRM) e pseudociências, gestadas aqui ou no exterior, costumam frequentar a mídia, mesmo em horário nobre, com objetivo explícito de explorar a boa fé de pessoas incautas ou desesperadas e obter lucro fácil.

          A imprensa, e os jornalistas, não podem postar-se diante destas situações de guarda baixa, desarmados, porque estarão, com essa postura, sendo cúmplices de parcela nefasta da chamada indústria da saúde, que contempla as pessoas como vítimas a serem iludidas.

          A máxima de que "não existe almoço grátis" se aplica, de maneira perfeita, a esses casos e, portanto, é necessário ficar de olhos bem abertos para os releases que se originam de representantes da indústria da saúde. Devemos também suspeitar do assédio hipócrita de agências de comunicação e de publicidade, competentes mas sem escrúpulos, que trabalham apenas para aumentar os seus lucros e os de seus clientes, sem se importarem com o prejuízo que podem causar à população.

          As notícias que envolvem saúde e consumo de medicamentos, saúde e tratamentos revolucionários, saúde e grandes interesses devem ser vistas com imensa desconfiança.

          A mídia , acrítica e socialmente irresponsável, costuma cobrir as novas descobertas e as coletivas organizadas por empresas farmacêuticas, hospitais, empresas que atuam na área da saúde privada (planos de saúde e seguradoras), clínicas etc sem atentar para o fato de que é precisar separar a notícia relevante dos interesses eminentemente comerciais.

          A revista digital Comunicação & Saúde estará empenhada em denunciar tanto os abusos da indústria da saúde como a omissão da mídia e a ganância de agências de comunicação ou de propaganda, cumprindo, desta forma, o objetivo pelo qual foi criada.

          Enxergar além da notícia. Esse deve ser o compromisso de todos nós.

 

 
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