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Com
o país ou com a indústria tabagista?
O Congresso, em particular o Senado, continua brecando a ratificação
da Convenção Quadro da Organização
Mundial da Saúde, que prevê o controle do tabaco,
assinada pelo Brasil em 2003. Há urgência nesta aprovação
porque, caso ela não aconteça, o Brasil perderá
, segundo especialistas, o direito de voto no Conselho da OMS
que implementará a convenção.
O debate
é intenso, sobretudo em função do lobby dos
fumicultores (leia-se mais explicitamente da indústria
tabagista) que alegam estar condenados a médio prazo, se
a convenção for aprovada.
O governo,
como é de costume, não tem uma posição
clara, mesmo porque as divergências internas são
óbvias: o ministério da Saúde está
comprometido com o controle, mas o ministério da Agricultura,
como tem ocorrido na questão dos transgênicos, é
pela liberação do cultivo, ainda que o número
de mortos e o prejuízo ao sistema de saúde sejam
enormes.
É
preciso observar que há questões sociais e econômicas
em jogo porque a indústria do fumo emprega um número
expressivo de famílias (estima-se mais de 100 mil), exporta
significativamente e a indústria tabagista é responsável
por cerca de 5% dos impostos arrecadados em nosso País.
Logo, nada
pode ser feito , nesse caso, de maneira açodada, mas a
Convenção Quadro, diferentemente do que pregam os
fumicultores, certamente manipulados pela indústria tabagista
que os subsidia com informações e argumentos, não
estipula o fim da cultura do fumo a curto prazo.
Alguns
especialistas admitem que, para se controlar os malefícios
do cigarro, uma droga que mata, conforme testemunham a Souza Cruz
e a Philip Morris, podem ser tomadas, de imediato, algumas medidas,
como o aumento expressivo do preço do cigarro (um dos mais
baratos do mundo) e o controle do contrabando (que corre solto
aos olhos da fiscalização).
Os Governos
estaduais poderiam também, a exemplo do que acontece nos
EUA, exigir da indústria tabagista uma reparação
pelos prejuízos ao sistema de saúde. Lá,
além de um acordo superior a 20 bilhões de dólares
já firmado com os governos estaduais, a indústria
está ameaçada de um novo processo que supera os
50 bilhões de dólares, movido pelo Governo americano.
Não se pode admitir que ela obtenha lucros fantásticos
, à custa do trabalho das famílias brasileiras e
da saúde de boa parte da população.
A indústria
tabagista, de maneira cínica, continua se apoiando no conceito
frouxo de responsabilidade social (frequenta com desenvoltura
o Instituto Ethos e suas newsletters) para alardear seu compromisso
social, quando, na verdade, mascara sua ação perniciosa
e empurra para a sociedade um prejuízo incalculável.
O fato
de a aprovação da Convenção Quadro
não ter ocorrido ainda - o que é lamentável
, sob o ponto de vista da saúde da população,
mas explicável pela atuação ambígua
do congresso brasileiro, pode ter pelo menos essa vantagem: permitir
um debate maior sobre os malefícios do cigarro e a ação
nociva da indústria tabagista.
A proposta
mais razoável é ficar ao lado dos fumicultores,
analisando-se formas de promover uma migração para
outras culturas ou uma compensação para possíveis
perdas, e penalizar, brutalmente, a indústria tabagista,
esta sim contrária aos interesses do país e da humanidade.
Talvez queiramos demais, exigindo coerência e vontade política
de governos e parlamentares que, ao longo do tempo, têm
se mostrado omissos, senão cúmplices dos grandes
interesses, mas vale a pena insistir e resistir. A indústria
tabagista é pária da sociedade e merece ser expurgada.
Se não for de maneira rápida, pelo menos lentamente,
como ela costuma fazer com aqueles que utilizam os seus produtos.
Na
floresta, a cura para a malária
Pode
parecer paradoxal, mas a floresta que costuma ser o ambiente propício
para a propagação da malária pode abrigar
também recursos para a sua cura. Esta é a expectativa
dos pesquisadores Lin Chau Ming e Ari Hidalgo, respectivamente
da UNESP, de Botucatu, e da Universidade Federal do Amazonas,
que já catalogaram 126 plantas utilizadas por moradores
da calha do rio Solimões no tratamento da malária.
Mais de uma centena delas, nos primeiros testes realizados no
INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, "apresentaram
algum efeito contra o Artemia franciscana, um organismo usado
para testes biológicos preliminares para o estudo da malária",
explica Lin Chau Ming, em matéria publicada pelo Jornal
da UNESP, de novembro de 2004 e fonte desta notícia..
Algumas
plantas chegaram a matar 100% das larvas, como os extratos de
sacaca (Croton Cajucara), de camapu (Physalis angulata) e de caapeba
(Potomorphe peltata) e outras, como o cipó de saracura-mira,
conhecido como cerveja-de-índio, mostraram-se potencialmente
eficazes.
A pesquisa
continua com novas expedições, agora no vale do
Rio Madeira e no Estado de Rondônia. Ao mesmo tempo, as
plantas já identificadas deverão ser objeto de testes
mais acurados nos laboratórios da Fiocruz, no Rio de Janeiro.
A
pobreza, no Brasil e no mundo
Um
bilhão de crianças vive hoje na pobreza no mundo
e milhões ficam órfãs todos os anos por causa
da Aids. O relatório Situação Mundial da
Infância , lançado em dezembro de 2004 pelo Unicef,
traz um retrato dramático e inclui o Brasil entre os mais
penalizados, ainda que a situação tenha melhorado
um pouco nos últimos anos.
A taxa de
mortalidade infantil brasileira caiu de 36 por mil nascidos vivos,
no levantamento anterior, para 35 mil no agora divulgado, mas
está longe, por exemplo, dos 9 por mil do Chile, os 12
por mil do Uruguai e dos 17 por mil da Argentina.. Ainda há
(dados de 2000-2002), 15,6 milhões de brasileiros passando
fome, embora se deva reconhecer que o país tenha tido um
dos melhores índices de redução nos últimos
anos.
No ranking
divulgado pelo Unicef, o Brasil ocupa hoje o 90º lugar, ao
lado da República Dominicana, muito atrás de Cuba,
Chile, Uruguai, Argentina, Venezuela, Colômbia etc, o que,
considerada a pujança de sua economia, comparativamente
às demais, não deixa de ser preocupante. Pior, apesar
dos nossos progressos amplamente saudados , a nossa posição
no ranking tem piorado, o que significa que o nosso esforço
deve ser ainda maior
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