Volume 1
Número 1

20 de dezembro de 2004
 
 * Edição atual    

          A saúde em destaque – um estudo desenvolvido na Internet

Sonia Aparecida Cabestré*
Ana Martha Chiaramonte*

          Resumo

          Com o objetivo de levantar, sistematizar e analisar as ações de saúde disponibilizadas na Internet, que abordam a temática da deficiência física, e destacar as de caráter preventivo, desenvolveu-se o estudo em questão. As atividades foram desenvolvidas em etapas: a primeira esteve voltada para o processo de identificação e seleção das entidades que disponibilizam informações na Internet e desenvolvem ações para a área da deficiência física. A segunda, de caráter analítico, considerou especificamente os aspectos pertinentes a apresentação dos sites, links, informações gerais sobre deficiência, informações de caráter preventivo, entre outras, o que possibilitou a elaboração de tabelas, com a conseqüente análise das informações. Para desenvolvimento do processo de levantamento de informações, análise e apresentação dos resultados utilizou-se a metodologia da pesquisa qualitativa.

          Palavras-chave:comunicação e saúde; deficiência física; pesquisa qualitativa; prevenção.

          Introdução

          O desenvolvimento da tecnologia tem acarretado inúmeras transformações na nossa sociedade, entre elas o surgimento de uma nova linguagem a qual inclui o uso de recursos tecnológicos, que disponibiliza dados e informações, permite novas formas de comunicação e reduz a relação tempo-espaço a limites mínimos. Trata-se da informática e da Internet.

          Essa sociedade que se forma, de acordo com Castro (1999, p.138), é também chamada de sociedade da informação, porque não apenas produz quantidades cada vez maiores de informações como criou uma forma de armazená-las, chamada, segundo o autor de "memória global computadorizada".

          Para Castro (1999, p.138):

          (...) Estes bancos de dados dão acesso ao seu conteúdo em poucos segundos, através de buscas estruturadas. Muitos deles já não se encontram apenas com a informação sobre as fontes de dados e informações, mas trazem o próprio item, na íntegra, diretamente para o computador do usuário conectado.

          Castro (1999:139) também destaca que o novo paradigma de informação emerge a partir dos anos 80 através de "(...) computadores, sistemas operacionais, hipertexto, rede mundial de comunicação centrada em computadores, internet-web (...)". Para o autor, "a sociedade da informação é uma sociedade digital, de bytes, que se expressa singelamente a partir de dois números: o um e o zero".

          Considerada a grande descoberta do século, a Internet veio para ficar e revolucionar o sistema de comunicação entre pessoas, grupos, empresas, cooperativas, escolas, universidades etc.

          Na década de 90, a utilização dessa tecnologia teve uma expansão considerável, estendendo-se a sua utilização à pessoas portadoras de deficiência. Entretanto, é preciso considerar que, a essência da acessibilidade ao ambiente tecnológico, para cidadãos com necessidades especiais, reside na real capacidade da sua utilização, independentemente da eventual necessidade de recorrer a adaptações ou interfaces especificas. Neste caso, a interação deve ser independente ou redundante na sua modalidade sensorial e de manipulação, de forma a que possa ser visionado, convertido em fala, impresso, convertido em braille, e utilizável através de diferentes dispositivos de entrada (teclado, apontadores, voz etc...).

          A acessibilidade da Internet, neste contexto, além de constituir um requisito social apresenta-se como uma possibilidade de oferecer aos portadores de deficiência condições de efetivamente serem incluídos no mundo digital.

          Com base no exposto, este artigo tem o propósito de apresentar os pressupostos básicos e fundamentos teóricos que têm intima relação com o tema. Desenvolveu-se também pesquisa em sites que disponibilizam informações sobre deficiência física com o objetivo de levantar, sistematizar, categorizar, interpretar e analisar as informações apresentadas de interesse daqueles que estudam e/ou são portadores de deficiência. No processo de levantamento de dados priorizou-se selecionar os sites que também oferecem informações referentes à prevenção porque considera-se importante que tais aspectos sejam abordados na Internet, seja para os portadores de deficiência, para a família e/ou demais interessados. Levantar e analisar as questões referentes à saúde do deficiente disponibilizadas na internet é o objetivo principal deste estudo.

          Apresenta-se na seqüência os fundamentos teóricos e os resultados da pesquisa desenvolvida nos sites selecionados.

          I - Fundamentos teóricos pertinentes ao estudo

          Informação, saúde e mídia

          Sobre o tratamento da informação nos veículos de comunicação, Weber (1995) desenvolveu pesquisas e apresenta conclusões bastante interessantes relativas ao seu estudo.

          Para a pesquisadora, informação e comunicação são atualmente os principais indicadores de poder das organizações públicas ou privadas, políticas, acadêmicas, de pesquisa, entidades de classe e outras. Neste poder, considera, reside a capacidade de entendimento da organização com seus diferentes públicos e a qualidade da sua imagem junto à sociedade. Imagem, conceito e entendimento positivos são resultados desejados, através de processos, sistemas e planos de comunicação. Estes são operacionalizados por sofisticados mecanismos de criação, produção e veiculação, e vinculados a estratégias, especialistas, meios e à tecnologia gerada nos campos da informação, propaganda e promoção.

          A autora destaca ainda que é a visibilidade que faz a diferença entre uma organização e outra. Nas empresas que constituem o mercado, esta diferença é disputada pela qualidade do produto e pela sua capacidade de seduzir clientes e consumidores. Mas, nas organizações públicas, a sua própria função junto à sociedade já se constitui como a diferença, como a marca da sua singularidade. No campo da saúde, ressalta a autora, os serviços prestados à comunidade determinam sua responsabilidade e esta seu potencial de visibilidade: um hospital, uma fundação de pesquisa em saúde pública, uma universidade são identificados, observados mais detidamente do que uma organização privada da mesma área.

          Se as organizações públicas são mais visíveis e visadas, têm proporcionalmente mais compromissos com a comunicação e as suas conseqüências do que as privadas. Isto é determinado, segundo a pesquisadora, a partir da dependência e interesses mútuos situados nos movimentos políticos, econômicos, técnicos, institucionais, acadêmicos e nos particulares dos usuários (clientes e consumidores). Sua visibilidade e poder de comunicação são dirigidos à obtenção de credibilidade para atrair investidores, apoiadores, defensores, além de verbas para pesquisa, de apoio, reconhecimento, votos e outros.

          Assim, tão importante quanto saber administrar recursos humanos, financeiros e tecnologia é administrar um sistema de comunicação que abrange estrutura, profissionais e meios. Estes visam a produção de projetos estratégicos de comunicação que possam dar conta da potencialidade e necessidades informativas, publicitárias e promocionais da organização. Em qualquer tipo de estrutura de organização a comunicação deve ser pensada como integrante de um processo estratégico.

          Para Weber (1995), algumas organizações, como as da área da saúde, necessitam de projetos especiais, porque trabalham diretamente com as questões limítrofes do ser humano, com as marcas que o informam sobre a qualidade da sua vida, das suas doenças e da sua morte. De acordo com a autora, simultaneamente, a área de saúde se debate em meio ao movimento da política, da economia, em torno da cidadania, higiene, alimentação, miséria e riqueza. Qualquer definição de política de comunicação, visando a implantação de um sistema ou a sustentação de uma campanha preventiva sobre a aids, câncer, poliomielite, sarampo ou acidentes de trânsito, depende de ousadia administrativa e de entendimento sobre o significado específico de comunicação para a organização.

          A pesquisadora destaca que, pensar a comunicação de modo estratégico é também ingressar no universo fascinante de uma cultura estética, marcada por imagens, linguagens, estruturas, tecnologia e especialistas preparados para gerar produtos e informações passíveis de assimilação por todos os segmentos da sociedade que, a cada dia, melhor os compreende e assimila.

          Sem um processo de comunicação adequado, as organizações não conseguem manter vínculos eficazes com seus públicos. Sobre isso, Weber (1995) ressalta ainda que hoje se discute a capacidade de comunicação das instituições, quanto à melhor forma de informar, promover-se, prestar contas, especialmente as públicas, para as quais a sociedade contribui decisivamente. Mas são as organizações privadas que melhor exercitam este processo, implantando sofisticadas estruturas de marketing e investindo maciçamente em campanhas publicitárias. Seus serviços e produtos são veiculados com a mesma atração utilizada na propaganda de bebidas, cigarros ou jeans. Mas esta ousadia também pode ser admitida pelas organizações de saúde, desde que vinculadas a consistentes estratégias e objetivos.

          De acordo com a pesquisadora, campanhas de saúde pública e programas de prevenção são dirigidos à mesma sociedade de telespectadores, consumidores, usuários e eleitores que compreendem a estética publicitária. Não existe uma estética adequada e restrita às características, por exemplo, das organizações de saúde. Para Weber (1995), existem sim características gerais impostas diária e maciçamente pelos meios de comunicação: estas podem ser utilizadas por organizações e campanhas, a partir de definições estratégicas vinculadas à especificidade e entendimento da organização, da doença, da campanha, do produto, do problema. Este é um processo inevitável e irreversível, especialmente porque todas as pessoas estão expostas, permanentemente, a uma carga de informações, imagens, textos, palavras, cores, linhas e gráficos atraentes e provocantes, com o objetivo de lhes informar e solicitar uma atitude.

          Nesse sentido, a autora considera que na área de saúde, as suas organizações, serviços e produtos estão situados nos limites da comunicação privada e da política. Nisto reside a sua singularidade e o paradoxo de se fazer entender, através de qualquer meio, pois detém um produto e um discurso privilegiado, naturalmente desejado por todos - saúde - e, com esta, a felicidade; ao contrário de qualquer outra organização que precisa romper barreiras e se fazer necessária.

          Mesmo tratada como bem de consumo, segundo Weber (1995), a saúde mantém seu poder de ser ouvida em qualquer instância. Ainda que muito recente a discussão do binômio saúde + comunicação, do seu entendimento depende a qualidade de vida da população e a possível prevenção contra as doenças. Para a pesquisadora, trabalhar a comunicação enquanto processo exige procedimentos e decisões radicais, se o objetivo for, realmente, comunicar, ou seja, interagir, difundir e marcar conceitualmente, influindo na memorização dos sujeitos receptores para gerar atitudes concretas ou opiniões positivas. Estes procedimentos são inerentes a qualquer movimento orientado pelo ato de planejar e, portanto, complexos e dependentes de uma seqüência sobre a qual pode ser sustentado qualquer ato de comunicação, publicação ou evento estratégico de uma organização.

          Para Weber, a saúde é um campo marcado por cuidados e éticas próprios, de quem se situa no delicado limite entre a vida e a morte. Isto define os cuidados quando se pretende decidir e implantar estratégias de comunicação. Promover um determinado remédio junto ao médico especialista, chamar as crianças para receber vacinas, alertar sobre a aids mostrando as formas de prevenção, solicitar apoio a campanhas contra o câncer são metas que dependem de abordagens e apelos, radicalmente diferenciados quanto aos objetivos, linguagem, mesmo que o público receptor seja o mesmo.

          No estudo realizado pela pesquisadora, pode-se considerar que, mesmo sendo óbvio que todos podem se comunicar, o planejamento exige entendimentos e respostas qualificadas para que possam ser obtidos bons e conseqüentes resultados. Somente profissionais e especialistas qualificados poderão transformar decisões sobre comunicação em planos estratégicos de comunicação. As etapas básicas desse processo, segundo Weber (1995), são as seguintes:

          -pesquisa: levantamento de dados, opiniões e informações vinculados à organizações e ao seu cenário de atuação;

          -diagnóstico: avaliação e indicações de situações, públicos e organização, considerando as implicações sobre a implantação de um sistema, meio ou evento;

          -planejamento: definição de uma política, estratégias e objetivos, decorrentes do entendimento do cenário e dos interesses;

          -organização: coordenação da estrutura de funcionamento e da organização de investimentos e recursos humanos, técnicos e financeiros, visando a operacionalização do sistema e atividades;

          -operacionalização:administração e desenvolvimento de funções, atividades, serviços e produtos de comunicação decorrentes da pesquisa, planejamento e da organização;

          -produção:criação, desenvolvimento, difusão de serviços, eventos e produtos de comunicação.

          A elaboração de um processo de planejamento pressupõe envolvimento e comprometimento dos profissionais que estão imbuídos dessa tarefa: especificamente na área de saúde é preciso deixar de apenas cumprir etapas e direcionar as ações para atingir os objetivos propostos.

          A autora destaca ainda que, trabalhar na área de saúde é trabalhar com a vida, suas doenças e a morte. Quando se pensa na utilização estratégica da comunicação é preciso entender todos os apelos particulares e coletivos gerados pela informação, a promoção e a propaganda, daí a importância de, nesse processo, estarem também participando todos os profissionais envolvidos com as questões de saúde.

          Pesquisa sobre saúde na internet

          Para Soares (2003), se é difícil exagerar a importância do impacto da Internet sobre as mais diversas áreas de atividade, por outro lado, os temas de saúde, em particular a pesquisa sobre comunicação em saúde e campanhas relacionadas à saúde coletiva têm crescido em importância na agenda pública.

          De acordo com o pesquisador, a internet renovou as perspectivas para a comunicação em saúde. Enquanto a comunicação de massa deve fazer campanhas abordando em geral dos temas de saúde, porque alcança uma audiência heterogênea, a rede de computadores, por ser acessada individualmente, pode responder a dúvidas específicas, oferecendo a informação buscada, com o grau de profundidade que o usuário procura.

          Segundo Soares (2003), em junho de 2003, foi realizada por ele uma busca por sites contendo a palavra ‘saúde’ no título. Esse processo foi desenvolvido com o uso do motor de buscas Teoma Search, que, na oportunidade, indicou 29.200 ocorrências, o que dá uma medida da rapidez com que, em poucos anos, o assunto se expandiu na rede.

          Para Soares (2003, p.2), ainda não dispomos de pesquisas sobre a realidade brasileira, mas estudos mostram que nos Estados Unidos há uma tendência de os sites de saúde crescerem em número muito mais rapidamente do que o uso geral da Internet.

          No processo de levantamento de informações, Soares (2003, p.3 ) destaca também:

          Um estudo conduzido por Aspden e Katz (in RICE e KATZ, 2001), em 1997, com 800 usuários de Internet, a partir de uma amostra telefônica nacional dos Estados Unidos trouxe alguns dados adicionais sobre as tendências dos usuários. Quarenta e um por cento responderam afirmativamente à pergunta se já tinham buscado informação médica na rede. A propensão das respostas positivas era maior entre os que tinham mais habilidades de Internet, as mulheres, os brancos, os mais velhos e os usuários mais freqüentes de Internet. Observou-se, na mesma sondagem, que os que acessam informação de saúde o fazem, em geral, diversas vezes. A maioria desses respondentes disse ter acessado sites de saúde três ou mais vezes no ano anterior à pesquisa: 39% acessaram uma ou duas vezes; 22% acessaram 3 ou 4 vezes; 16% o fizeram de 5 a 9 vezes; 23% procuraram sites de saúde 10 ou mais vezes. As freqüências mais altas eram mais prováveis entre as mulheres e entre os que consideravam possuírem mais habilidades de Internet.

          Segundo o pesquisador, setenta e três por cento dos que responderam ter acessado a Internet em busca de informação de saúde disseram ter discutido a informação com outras pessoas, sendo que, desses, 50% o fizeram com médicos e outros profissionais de saúde. Os usuários mais prováveis de discutir informações de saúde com outros eram os mais ricos, com maiores habilidades de Internet e as mulheres.

          De acordo com informações apresentadas por Soares (2003), a maioria dos entrevistados acredita no valor da informação da Internet, considerando-as "altamente valiosas", embora um terço deles se declarem cautelosos (classificando as informações como "algo valiosas") e 5% tenham considerado as informações sem nenhum valor. Vinte quatro por cento disseram ter lido informação irresponsável; 27% tinham lido informação enganosa e 31% afirmaram ter lido informações que consideraram muito comerciais. Os que já tinham lido informação considerada irresponsável eram mais críticos. Numa escala de ceticismo, construída pelos autores a partir das respostas, os mais céticos apresentavam maior grau de instrução e maiores habilidades de Internet. Os mais céticos eram também os que mais freqüentemente acessaram informações de saúde e os mais prováveis de discutir essas informações com outras pessoas.

          No que concerne ao Brasil, Soares (2003, p.4 ), apresenta a seguinte informação:

          Macedo (in GUIMARÃES, 2001) realizou, em 1997, uma investigação com 241 usuários cadastrados da revista eletrônica Saúde e Vida on Line, mantida pelo Núcleo de Informática Biomédica da Unicamp e integrante do Hospital Virtual Brasileiro. Quarenta e oito por cento dos leitores eram profissionais da área de saúde, resultado inesperado, uma vez que a revista é destinada ao público leigo. Esse conjunto de leitores profissionais de saúde declarou consultar a revista por curiosidade pelo funcionamento da divulgação de informações de saúde pela Internet, pela atualidade das informações, pela facilidade de obtê-las, para conhecer as dúvidas dos usuários e para usar os artigos, distribuindo-os aos pacientes ou para conhecer temas de outras especialidades. A pesquisa revelou que a revista era consultada semanalmente por 57% dos leitores, sendo que 97% deles costumavam se informar sobre saúde regularmente (em especial os profissionais da área).

          Comunicação em saúde na internet

          Para Soares (2003), a Internet se tornou um veículo tanto de ações do governo, como de ONGs, de profissionais de saúde, de voluntários e de empresas, originando o complexo denominado abreviadamente e-health, ou e-saúde (e para eletrônica), o termo mais amplo para se referir ao amplo espectro de atividades usando tecnologias em saúde, cuidados de saúde e saúde pública.

          De acordo com o pesquisador, Baur, Deering e Hsu (in ASPDEN e KATZ, 2001) propõem o seguinte quadro dessas atividades:

Quadro 1: O continuum de e-health (ou de e-saúde)

                      Funções Exemplos

Referência
Publicação eletrônica, catálogos, bases de dados
Auto-ajuda/auto-cuidado Informação de saúde on-line, grupos de apoio, avaliação de riscos de saúde, registros de dados pessoais de saúde
Serviços de conveniência do plano/provedor Agendamento on-line, exames e resultados de laboratório, resumo de benefícios
Consulta e referral Consulta médico-paciente ou médico-médico via sistemas de telemedicina; leituras remotas de imagens digitais ou amostras de patologia.
Comércio eletrônico em saúde Vendas de produtos e relacionados à saúde e prestação de serviços de saúde
Serviços de saúde pública Coleta automatizada de dados; armazenagem de dados; acesso on line a dados de pesquisas da população e recenseamentos; sistemas de detecção avançada e de alerta para ameaças à saúde pública.

Fonte: BAUR, DEERING, HSU (in RICE e KATZ, 2001, apud SOARES, 2003, p.6 ).

          O pesquisador apresenta também em seu estudo o conceito de Comunicação Interativa em Saúde – CIS – um termo proposto por Eng e Gustafson (1999) para se referir à "interação de um indivíduo com ou por meio de um dispositivo eletrônico ou tecnologia de comunicação para acessar ou transmitir informação de saúde ou receber ou prover orientação e apoio sobre um assunto relativo à saúde" (1) . Assim, a busca de informação em saúde na Internet, a participação em bate papos virtuais e de grupos de apoio, o envio de e-mails para provedores de serviços de saúde são formas de comunicação interativa em saúde. A CIS pode cumprir seis funções específicas, segundo os autores: comunicar informação individualizada; habilitar a tomada de decisão informada; promover comportamentos saudáveis; viabilizar a troca de experiências e apoio mútuo; promover o auto-cuidado; gerenciar a demanda por serviços de saúde (apud SOARES, 2003, p.6).Para o pesquisador, a Internet é um meio de comunicação absolutamente singular e extremamente poderoso em comparação com os meios convencionais. É redundante lembrar que ela já é, hoje, um veículo com recursos para gerar interesse visual, pelo uso da cor, da variedade de fontes, fotos, grafismos, movimento (filmes e animações), num ambiente sonoro e interativo. São condições propícias ao planejamento e produção de mensagens atraentes, com fortes atrativos gráficos.

          Soares (2003) ressalta ainda que, ao lado desses aspectos formais, é importante destacar a capacidade da Internet de oferecer quantidades maciças de informação escrita, distribuída ou não em partes, por meio dos enlaces de hipertexto. De folhetos a livros inteiros podem ser baixados em segundos, copiados eletronicamente ou impressos pelo usuário. Trata-se de uma capacidade única que torna a web a novíssima estrela na pesquisa acadêmica.

          Ciberespaço

          De acordo com a pesquisadora Brennand (2004) (2), o processo de mundialização da economia, da política, e da cultura nos reenvia à necessidade de repensar a educação, frente à emergência de um novo tipo de sociedade pautada nos processos de racionalização da informação. O surgimento da empresa em rede, a nova divisão internacional do trabalho e a necessidade cada vez maior da utilização informatizada da informação redefinem as instituições e as organizações da economia informacional abrangendo também a cultura.

          Em seu estudo, a pesquisadora destaca

          o pensamento de Lévy (1977), que afirma o seguinte: o progresso admirável do conhecimento e o significado social da informática deram origem a um novo movimento social denominado "cyberspace" que aglutina o mundo virtual vivo, heterogêneo e intotalizável em novas formas de comunicação interativa, recíproca, comunitária e intercomunitária O ciberespaço não possui, ainda, forma e conteúdo definidos. Seus meios técnicos ainda estão em evolução e seu espaço é nômade. Para Lévy (1994) este espaço não é território geográfico nem instituições ou Estados, é um espaço invisível de conhecimentos e saberes que transformam o modo como a sociedade é construída (apud BRENNAND, 2003).

          Este universo de redes digitais e seus suportes originais de informação produzem modificações dos laços sociais, dando origem a processos flexíveis e novas redes de produção. Ao rearticular novas formas de comércio e troca, dá uma dimensão original à rede social da troca de saberes, os quais passam a ter como marca indelével a circulação contínua e mutável de especialidades científicas, técnicas, sociais e estéticas (Lévy, 1994, apud BRENNAND, 2003).

          De acordo com a pesquisadora, a emergência de novos estilos de experiência do pensamento, como por exemplo, as memórias dinâmicas objetivadas pelos documentos digitais e programas disponíveis em rede, aumenta o potencial da inteligência coletiva, dando origem ao movimento da cibercultura.

          Para ela, a interconexão deste movimento tem provocado mudanças singulares nos perfis de competência dos indivíduos, e, conseqüetemente, uma mutação na física da comunicação. O fenômeno da telepresença generalizada, ou seja, das comunidades virtuais, explora diversas formas da opinião pública, metamoforseando as noções de público e de espaço público.

          Brennand também destaca que as comunidades virtuais têm se desenvolvido através de interações de diversos tipos, que raramente transcorrem sem conflitos, uma vez que, transformam determinadas capacidades cognitivas e refinam modelos mentais comuns como a memória, o cálculo e o raciocínio. Este processo de flutuação do saber traz como consequência o sentimento de desordem e de desorientação. Este universo indeterminado redesenha o labirinto das relações humanas que agora conta com mais uma ferramenta - a rede.

          A presença do virtual redefine as hierarquias de acesso à informação e a navegação abre caminhos para aprendizagens cooperativas. A internet, por exemplo, vem permitindo a construção de um espaço de encontro, de compartilhamento e de invenção. Mídias clássicas como jornais, bibliotecas, museus, televisão etc., participam, atualmente, da alimentação de redes de informação e podem se constituir em um meio técnico indispensável para a formação de uma nova forma de inteligência : a "inteligência coletiva" (Lévy, 1994, apud BRENNAND, 2003).

          A emergência do ciberespaço e a necessidade de reconstrução da concepção de inteligência coletiva, de acordo com a autora, nos coloca diante de uma dimensão pouco percebida da comunicação. Neste universo de invenção de novas linguagens os caminhos estão abertos na direção do redescobrimento das possibilidades imanentes de cada indivíduo na busca de soluções aos complexos problemas da atualidade. Mas afinal o que constitui esta inteligência coletiva ?

          A Concepção de Inteligência Coletiva

          Para Brennand (2003), a configuração do ciberespaço assemelha-se a um campo de batalha onde são constantemente confrontados interesses os mais diversos. Os Estados vão perdendo cada vez mais o controle sobre fluxos econômicos, informacionais e fronteiriços, levando suas forças econômicas, políticas e sociais a disputarem projetos de renovação de competências numa complicada luta pela supremacia econômica, tecnológica e cultural. Então, fazer evoluir as tecnologias da informação e comunicação passa a ser o projeto comum a todos os países que têm como objetivo aumentar o seu poder e sua soberania. As tecnologias midiáticas criam a dinâmica de abertura para o exercício da influência dos poderes territoriais. Este processo tem trazido como paradoxo fundamental o surgimento de um novo tipo de inteligência : a inteligência coletiva.

          A pesquisadora também destaca o seguinte:

          Lévy (1994), argumenta que a relação que indivíduos desenvolvem no contexto do ciberespaço se diferencia daquela desenvolvida no contexto da cultura local. As novas tecnologias da informação e comunicação são, potencialmente, forjadoras de uma nova relação entre os indivíduos que transcende o tempo e o espaço tradicional. Por se constituirem um espaço navegável e virtual, organizam e difundem o encontro transterritorial, onde significações variadas são partilhadas, idéias e argumentos conectados, modificando as bases da troca de saberes e experiências. A compreensão da existência de uma inteligência coletiva passa pela constatação de que existem diversos tipos de saberes, e que estes estão espalhados por toda parte. Não existem, portanto, indivíduos "ignorantes". Os diversos saberes podem ser valorizados em função de determinado contexto, bastando que, para isto, ele seja identificado e mobilizado para utilização na resolução de problemas. Todo saber possui significações contextuais, dimensões ético-políticas e identidade social, isto é, ele está por toda parte, dentro das culturas diversas e não resulta, somente, da aprendizagem de conteúdos relacionados às situações de sobrevivência. Estes saberes resultam da transmutação das competências dos indivíduos na construção de sua práxis cultural e social (apud BRENNAND, 2003).

          De acordo com a autora, a práxis – vida moral, afetiva, estética, política, e econômico-cultural - é entendida, como o exercício de uma atividade que suponha uma intencionalidade e uma relação com o mundo, a constituição de um significado que vai além do simples fazer instrumental. Compreender a concepção de inteligência coletiva, implica operar uma reflexão ordenada da práxis humana como um processo complexo, articulado ao desenvolvimento do saber científico e tecnológico.

          Ao construirem sua práxis, os indivíduos passam por aprendizagens as mais diversas e desenvolvem competências que lhes permitem criar sentidos. É possível argumentar que cada comunidade constrói sua história através da práxis. Assim, cada grupo social poderá fortalecer sua inteligência coletiva através da reinterpretação da sua memória, da animação dos espaços de saber local, do aproveitamento de competências instaladas e da integração de um processo social dinâmico de troca de saberes. Este processo para Lévy não é constituído pelo seu caráter eminentemente cognitivo, mas engloba a dimensão do " trabalhar em comum acordo" pela mediação de dimensões éticas, estéticas, tecnológicas e organizacionais envolvendo alcançar "entendimentos" com o outro e ou com o grupo tendo em vista a renovação dos laços sociais (apud BRENNAND, 2003).

          Dessa maneira, pode-se entender que a inteligência coletiva se constrói e reconstrói através do diálogo de saberes.

          Brennand ainda ressalta que

          O diálogo entre os saberes diversos pode permitir o estabelecimento de consensos que se apóiam sobre os elementos do mundo da vida, permitindo aos indivíduos compartilharem seus planos de ação e fomentarem a ação comunicativa que é a responsável pela coordenação do ato social. A ação voltada ao entendimento pressupõe a existência de um espaço democrático de construção, potencializado pela ação crítica que vai desencadear a capacidade de construção crítica do pensamento e da ação. Desta forma o ciberespaço pode ser entendido como um potencializador da articulação entre os vários saberes, isto é, o potencializador do fortalecimento de um coletivo inteligente que ao aumentar sua capacidade de reorganização, inovação e invenção consiga sincronizar a autonomia dos cidadãos. Assim, a inteligência coletiva como processo de articulação dos diversos saberes deverá ser o polo articulador de atos de comunicação onde os indivíduos coordenem ações de socialização, desenvolvam atos comunicativos capazes de servir para a transmissão do saber culturalmente acumulado, coordenem ações de integração social que sirvam para tematizar normas adaptadas a cada contexto particular, e, enfim, desenvolvam atos de comunicação que sirvam para construir os controles internos do comportamento e em particular reforcem as estruturas da personalidade (Habermas, 1987, apud BRENNAND, 2003).

          Sob esta perspectiva, pode-se acreditar e defender a utilização das tecnologias da informação e da comunicação para o fortalecimento do agir comunicativo e da construção da autonomia dos indivíduos. No caso específico dos portadores de deficiências, esse processo é extremamente importante, pois a inclusão digital pode possibilitar avanços na busca e troca de experiências relevantes para esse público. A democratização da informação deve ser extensiva àqueles que possuem deficiência.

          II – Resultados da Pesquisa

          Tendo como norteadores os pressupostos abordados, desenvolveu-se pesquisa em sites que abordam a temática da deficiência física.

          Dessa maneira, no processo de identificação, seleção e análise das informações disponibilizadas nos sites, levou-se em consideração diferentes aspectos, em especial as abordagens sobre prevenção.

          Os objetivos norteadores da pesquisa referem-se a:

          1) Levantar e sistematizar informações disponibilizadas nos sites que abordam a temática da deficiência física;

          2) Categorizar, interpretar e analisar as informações apresentadas nos sites selecionados.

          Para o processo de levantamento de informações foram adotados os seguintes critérios: a escolha dos sites deu-se através de pesquisa em páginas de Internet especializadas na ferramenta de busca. Após a identificação, optou-se por selecionar aqueles que, além de abordar a temática da deficiência física, são também facilitadores no processo de obtenção de informações, seja para portadores e/ou interessados no tema.

          Após a etapa de seleção de 9 (nove) sites passou-se a fase de categorização: o material foi classificado levando-se em conta os seguintes aspectos:

    • Apresentação do site;
    • Links;
    • Informações sobre deficiência (geral);
    • Informações de caráter preventivo;
    • Apoiadores/patrocinadores;
    • Manutenção/atualização;
    • Ferramentas de busca

          Apresenta-se, na seqüência, o resultado das informações obtidas, que estão agrupadas em tabelas para melhor visualização e interpretação. Cada tabela refere-se a uma categoria: as informações foram sistematizadas e interpretadas com base nos objetivos da pesquisa e literatura que fundamenta a temática.

          Tabela 1: Apresentação do site

Discriminação dos sites
Descrição/crítica das informações
www.nppd.ms.gov.br Núcleo de informação da pessoa portadora de deficiência Disponibiliza informações de uma forma clara e de fácil compreensão: bem distribuídas, estruturadas e de fácil entendimento para todos que acessarem o site.
www.cedipod.com.br Centro de documentação e informação do portador de deficiência As informações e os links não estão bem distribuídos, confundindo os interessados, face à quantidade de informações.
www.apaebrasil.org.br Federação Nacional das Apaes Informações e links bem distribuídos, com uma abordagem clara.
www.entreamigos.com.br Rede de informações sobre deficiência Possui muitos links – as informações estão distribuídas de forma inadequada podendo gerar confusão no momento de busca.
www.sorri.com.br A home do site é toda linkada, necessitando navegar para obtenção das informações.
www.aacd.org.br Associação brasileira à criança deficiente Muitos links na home, deixando um pouco confuso o processo de obtenção de informações.
www.saci.org.br Rede saci: Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação. A home está bem distribuída: não disponibiliza apenas links. Pode ser caracterizado como um site simples para navegar.
www.iaramara.org.br Associação Brasileira de Assistência ao De ficiente visual. Os links da home são bem distribuídos: o site disponibiliza as informações de uma maneira clara facilitando o acesso.
www.ame-sp.org.br Amigos Metroviários dos Excepcionais Muitos links: pode confundir o internauta no processo de busca de informações.

          Os sites selecionados representam uma pequena amostra do que está disponível na Internet e que aborda questões de saúde, em especial as relativas à deficiência. No que concerne à apresentação, a maioria dos sites disponibiliza as informações de forma inadequada, dificultando o acesso. Se considerarmos que se tratam de entidades/instituições que direcionam suas ações para as diferentes questões que permeiam as deficiências, os responsáveis pela inserção e distribuição das informações nas páginas da web deveriam preocupar-se com aspectos qualitativos e facilitar o processo de entendimento/assimilação. Deve-se levar em conta, no caso específico dos portadores de deficiência, que estes, regra geral, são excluídos do sistema digital e que promover o acesso à informação é uma questão de cidadania.

          Tabela 2: Links

Discriminação dos sites
Descrição/crítica das informações
www.nppd.ms.gov.br Núcleo de informação da pessoa portadora de deficiência Quantidade adequada de links para o acesso dos interessados no assunto: oferece muitas opções.
www.cedipod.com.br Centro de documentação e informação do portador de deficiência As informações de uma forma geral estão todas em links.
www.apaebrasil.org.br Federação Nacional das Apaes Tem vários links; entretanto, não são todas as informações que estão disponibilizadas nos links.
www.entreamigos.com.br Rede de informações sobre deficiência Oferece muitos links para acessar tudo que há no site.
www.sorri.com.br A maioria das informações está disponibilizada em links..
www.aacd.org.br Associação brasileira à criança deficiente Informações disponibilizadas em links.
www.saci.org.br Rede saci: Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação. Oferece links para possibilitar o acesso as informações disponíveis no site. Estão estrutrurados de uma maneira fácil possibilitando rápido acesso.
www.iaramara.org.br Associação Brasileira de Assistência ao De ficiente visual. As informações estão disponibilizadas através de links: são bem distribuídos e de fácil acesso.

          Todos os sites selecionados estão estruturados de forma a disponibilizar links para aqueles que buscam informações sobre o tema. Entretanto, os recursos oferecidos, muitas vezes dificultam o acesso. Pode-se observar que, oferecer links sobre o tema central do site é uma maneira de possibilitar a socialização de informações; entretanto, a adequada distribuição das informações na web pode ser facilitadora do processo de busca. Os responsáveis pela inserção de informações devem ter a preocupação de criar facilidades – é preciso, cada vez mais democratizar a informação. No caso específico de deficientes, esse processo é muito mais importante, dadas as dificuldades que os portadores normalmente possuem.

          Tabela 3: Informações sobre deficiência (geral)

Discriminação dos sites
Descrição/crítica das informações
www.nppd.ms.gov.br Núcleo de informação da pessoa portadora de deficiência Como o site é um núcleo de informação ao deficiente, disponibiliza para os interessados muitas informações pertinentes às deficiências (físicas e mentais). É uma página eficaz pelo caráter informativo.
www.cedipod.com.br Centro de documentação e informação do portador de deficiência O site é direcionado a informar sobre as leis e decretos de interesse dos deficientes. Aborda também os problemas de deficiências, embora de uma maneira mais superficial.
www.apaebrasil.org.br Federação Nacional das Apaes A página da Internet apresenta informações sobre a entidade, os eventos e as ações que vem realizando. Não aborda o tema deficiência de forma a oferecer informações mais detalhadas aos interessados.
www.entreamigos.com.br Rede de informações sobre deficiência Esse é o site mais completo em relação a disponibilização de informações sobre deficiência. Aborda todas as deficiências através de textos claros e de fácil compreensão.
www.sorri.com.br Apenas faz abordagem sobre a entidade, não oferece informações sobre os problemas pertinentes às deficiências físicas.
www.aacd.org.br Associação brasileira à criança deficiente Disponibiliza informações sobre a entidade e aborda de forma superficial os problemas relativos à deficiências.
www.saci.org.br Rede saci: Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação. Informa de uma maneira muito clara sobre as deficiências, bem como as principais causas, o diagnóstico, a prevenção, serviços e os direitos do portador de deficiência. É um site bem completo no que concerne à disponibilização de informações pertinentes às deficiências.
www.iaramara.org.br Associação Brasileira de Assistência ao De ficiente visual. Apresenta os níveis mais comuns de deficiência visual e as características mais comuns.
www.ame-sp.org.br Amigos Metroviários dos Excepcionais É um site com informações diversas, eventos, dicas, novidades. Não aborda as deficiências especificamente, mas sim dentro de um contexto geral.

          Os sites selecionados oferecem informações gerais (de orientação sobre direitos e programas de deficiência) e específicas. A maioria disponibiliza informações referentes a: entidade, leis e decretos de interesse dos deficientes, eventos e ações, todas as modalidades de deficiência, causas e diagnósticos, indicação/orientação de tratamentos. Entretanto, poucos são os sites que merecem destaque pela qualidade das informações e que atualizam com freqüência as informações disponibilizadas.

          Tabela 4: Informações de caráter preventivo

Discriminação dos sites
Descrição/crítica das informações
www.nppd.ms.gov.br Núcleo de informação da pessoa portadora de deficiência Aborda de uma maneira eficaz a questão da prevenção às deficiências (físicas e mentais), para a gravidez e a modalidade cerebral.
www.cedipod.com.br Centro de documentação e informação do portador de deficiência O site destaca mais os direitos dos deficientes: disponibiliza poucas informações sobre a deficiência e o seu caráter preventivo.
www.apaebrasil.org.br Federação Nacional das Apaes Não aborda a deficiência em si e tampouco os aspectos relativos à prevenção.
www.entreamigos.com.br Rede de informações sobre deficiência O melhor site para tirar dúvidas e obter informações sobre esse aspecto. Oferece informações preventivas sobre as diferentes tipologias de deficiências: na gravidez, cerebral. Destaca também os cuidados básicos do dia-a-dia.
www.sorri.com.br Não destaca os aspectos de prevenção.
www.aacd.org.br Associação brasileira à criança deficiente Não destaca os aspectos de prevenção.
www.saci.org.br Rede saci: Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação. Aborda a prevenção das diferentes deficiências: físicas, mentais, auditivas, visuais e múltipla. Informa sobre prevenção no desenvolvimento do bebê, nas ocorrências e esclarece algumas verdades e mitos sobre as deficiências.
www.iaramara.org.br Associação Brasileira de Assistência ao De ficiente visual. Não aborda informações de caráter preventivo, mas sim a inclusão do deficiente visual na sociedade, através da família, escola e outros.
www.ame-sp.org.br Amigos Metroviários dos Excepcionais Aborda muitas informações referentes à prevenção e colabora com os portadores de deficiência, mas de uma forma mais superficial.

          No Brasil, culturalmente, as questões de prevenção não são devidamente planejadas e abordadas, seja no dia-a-dia das organizações e entidades, seja no sistema internet. Entretanto, no caso específico das deficiências, as informações disponibilizadas nos sites selecionados que têm relação direta com ações preventivas são muito importantes. Destacam-se, nesse aspecto: www.nppd.ms.gov.br, www.entreamigos.com.br, www.saci.org.br e www.ame-sp.org.br. Acredita-se que, num futuro próximo, as informações de caráter preventivo deverão merecer o devido destaque – é preciso que as organizações priorizem as informações dessa natureza para que conseqüências desagradáveis sejam minimizadas.

          Tabela 5: Apoio/patrocinadores

Discriminação dos sites
Discriminação dos patrocinadores
www.nppd.ms.gov.br Núcleo de informação da pessoa portadora de deficiência Governo do Estado do Mato Grosso do Sul.
www.cedipod.com.br Centro de documentação e informação do portador de deficiência Entre Amigos.
www.apaebrasil.org.br Federação Nacional das Apaes Todas as Apaes.
www.entreamigos.com.br Rede de informações sobre deficiência Unicef, Sorri, Elo Eficiente, Ibge.
www.sorri.com.br Secretaria do emprego.
www.aacd.org.br Associação brasileira à criança deficiente Itaú, Votorantim, SBT, Brascola, Estadão, Gazeta Mercantil, Siemens, Folha de São Paulo, Varig, Bradesco, entre outros.
www.saci.org.br Rede saci: Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação. UFRJ, Unicamp, IBM, CUT, entre outros.
www.iaramara.org.br Associação Brasileira de Assistência ao De ficiente visual. Não possui.
www.ame-sp.org.br Amigos Metroviários dos Excepcionais Entre Amigos, Cedipod, Metrô, Design Foster.

          Nos sites selecionados, as organizações do setor produtivo são as que vêm dando apoio efetivo às entidades que direcionam suas ações para as questões de deficiência. Pode-se inferir, no que concerne às demais especificidades da área de saúde, que são as organizações do segundo setor que dão sustentação aos programas sociais relativos às questões de saúde e qualidade de vida. Pode-se afirmar também que, infelizmente, o setor público não tem priorizado as questões de saúde, seja nas políticas de disseminação de informações, seja nas ações propriamente ditas.

          Tabela 6: Atualização e Manutenção

Discriminação dos sites
Descrição das informações
www.nppd.ms.gov.br Núcleo de informação da pessoa portadora de deficiência Não possui.
www.cedipod.com.br Centro de documentação e informação do portador de deficiência Atualizado sempre que há informações relevantes.
www.apaebrasil.org.br Federação Nacional das Apaes Não possui.
www.entreamigos.com.br Rede de informações sobre deficiência Não possui.
www.sorri.com.br Não possui.
www.aacd.org.br Associação brasileira à criança deficiente Não possui.
www.saci.org.br Rede saci: Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação. Não possui.
www.iaramara.org.br Associação Brasileira de Assistência ao de ficiente visual. Não possui.
www.ame-sp.org.br Amigos Metroviários dos Excepcionais Realizada pela empresa Dixit Design, mas não especifica a data.

          As informações disponibilizadas nos sites selecionados, infelizmente, não são atualizadas periodicamente. Isso pode significar ausência de planejamento no processo de controle/atualização das informações disponibilizadas e pode contribuir na geração de valores que podem afetar a credibilidade das informações veiculadas. De um modo geral, independente da área de abordagem, os sites não são habitualmente atualizados.

          Tabela 7: Ferramentas de Busca

Discriminação dos sites
Descrição das Facilidades
www.nppd.ms.gov.br Núcleo de informação da pessoa portadora de deficiência Disponibiliza a ferramenta de busca para as informações internas do site.
www.cedipod.com.br Centro de documentação e informação do portador de deficiência Não possui.
www.apaebrasil.org.br Federação Nacional das Apaes Disponibiliza a ferramenta de busca para as informações internas do site e cadastro de usuários.
www.entreamigos.com.br Rede de informações sobre deficiência Disponibiliza a ferramenta de busca para as informações internas do site e banco de dados (cadastro).
www.sorri.com.br Disponibiliza a ferramenta de busca para as informações internas do site e o Fale Conosco.
www.aacd.org.br Associação brasileira à criança deficiente Fale Conosco e material institucional em PDF (dificulta o acesso dos interessados).
www.saci.org.br Rede saci: Solidariedade, Apoio, Comunicação e Informação. Disponibiliza a ferramenta de busca e cadastro.
www.iaramara.org.br Associação Brasileira de Assistência ao De ficiente visual. Não possui, apenas contato com os idealizadores do site.
www.ame-sp.org.br Amigos Metroviários dos Excepcionais Não possui a ferramenta de busca, mas o fale conosco.
www.aultimaarcadenoe.com/ A ultima arca de noé Não possui.

          Para que um site seja constantemente avaliado e atualizado é preciso que ofereça recursos para estabelecer interatividade com aqueles que o acessam. No caso específico da deficiência, isso é extremamente importante, pois os portadores e aqueles que estudam sobre o tema devem ter espaço e condições para que o feed back seja estabelecido, mesmo no sistema virtual.

          Considerações sobre a pesquisa

          Durante o processo de levantamento de informações sobre o tema escolhido para estudo, pode-se constatar que, de um modo geral, os sites que disponibilizam informações sobre deficiência o fazem com funções educativas e/ou por questões de cidadania.

          No entanto, considerando que o objetivo principal deste estudo esteve focado no processo de levantamento de informações referente às questões de prevenção nos sites que direcionam informações para os portadores de deficiência, em especial, as modalidades físicas, pode-se selecionar aqueles que vêm cumprindo também esse papel, ou seja, disponibilizam informações sobre prevenção, seja para estudiosos, portadores e/ou familiares.

          Dessa maneira, é importante destacar, de acordo com encarte publicado na Revista Época (2004), "Inclusão Digital", que o Brasil, apesar dos avanços recentes, ainda ocupa um modestíssimo 60º lugar entre os países que mais utilizam a Internet em termos percentuais. Apenas 10,8% da população, de acordo com dados recentes da Internet World Statistics, têm acesso à rede mundial de computadores.

          No que diz respeito às informações sobre deficiência disponibilizadas na Internet, o mesmo encarte dá destaque para a Rede Saci (www.saci.org.br ), que transformou-se na principal referência brasileira em iniciativas de inclusão digital e social sobre deficientes.

          Com 24,5 milhões de portadores de algum tipo de deficiência, segundo o Censo do IBGE de 2000, o Brasil ainda tem que avançar muito. Para isso, o encarte enfatiza que o instrumento básico é a educação inclusiva. O Portal da Rede Saci abre espaço, em seu canal de educação, para familiares e educadores trocarem experiências.

          No que concerne aos resultados da pesquisa desenvolvida nos sites selecionados, pode-se afirmar que os portais que abordam a temática da deficiência têm se destacado pela qualidade dos serviços que oferecem. Entretanto, considerando que o objetivo da pesquisa está centrado na análise das informações sobre prevenção veiculadas nos sites, pode-se afirmar que essa abordagem ainda é incipiente. É necessário que seja incentivada a disponibilidade desse tipo de informação – é importante que, questões referentes à alimentação do portador de deficiência, saúde mental, sexualidade, prevenção de acidentes e qualidade de vida, de um modo geral, sejam disponibilizadas. É preciso que as pessoas, portadoras ou não, sejam motivadas a buscar e a exigir informações de caráter preventivo.

          Notas

          1) Uma expressão que se consagrou nos textos acadêmicos para se referir à forma de interação pela Internet é "comunicação mediada por computador". A Comunicação Interativa em Saúde admite a inclusão de outras tecnologias, como o telefone, por exemplo.

          2) Professora do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba, Doutora em Sociologia pela Sorbonne.

          Referências

Inclusão Digital. Informe Publicitário. Revista Época, nº 320, julho de 2004.

BRENNAND, Edna G. de G. Ciberespaço e educação: navegando na construção da inteligência coletiva. Texto disponível no site www.informacaoesociedade.ufpb.br/1110108.pdf . Acesso em 05/06/2004.

CASTRO, N. J. Tecnologia da informação no ensino de economia. In: FERREIRA, J. M. C. (org.). Jornadas pedagógicas. Lisboa, ISEG-UTL, 1999.

SOARES, M. C. Internet e saúde – possibilidades e limitações. Texto apresentado no VI Congresso de Comunicação e Saúde-COMSAUDE. São Bernardo do Campo: São Paulo, 2003. EM CD-ROM.

WEBER, Maria Helena. Comunicação: estratégia vital para a saúde. Artigo publicado no livro Saúde & Comunicação - Visibilidades e Silêncios. Organizadora Aurea M. da Rocha Pitta. São Paulo: Hucitec, 1995.

          Sites

www.nppd.ms.gov.br

www.cedipod.com.br

www.apaebrasil.org.br

www.entreamigos.com.br

www.sorri.com.br

www.aacd.org.br

www.saci.org.br

www.iaramara.org.br

www.ame-sp.org.br

 

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Sonia Aparecida Cabestré
Doutora em Educação pela UNESP de Marília/SP, Professora do Curso de Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas e do Curso de Pós-Graduação "Gestão Estratégica em Marketing da Universidade do Sagrado Coração (USC) e Coordenadora do Núcleo de Pesquisa do Terceiro Setor, USC/Bauru/SP.

Ana Martha Chiaramonte
Acadêmica do Curso de Comunicação Social-Habilitação em Relações Públicas e integrante do Núcleo de Pesquisa do Terceiro Setor da USC.

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