Volume 1
Número 1

20 de dezembro de 2004
 
 * Edição atual    

          A Veiculação de Informações Sobre Saúde como Instrumento na Construção da Cidadania: um Estudo em Jornais de Porto Alegre - RS

Elisa Kopplin Ferraretto*
Valdir José Morigi*

          Resumo

          A cobertura da área da saúde pela imprensa pode ser um instrumento importante para auxiliar os cidadãos na construção e no fortalecimento da cidadania. O acesso da população às informações sobre saúde e outros direitos amplia os conhecimentos, contribuindo para uma melhor qualidade de vida. O estudo procura mostrar, a partir da análise de dois jornais diários de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, como se caracterizam as coberturas sobre saúde e como o cidadão se insere nelas. Constatou-se que as matérias da imprensa da capital gaúcha possuem características como limitação, dispersão, fragmentação e descontextualização das informações. Também foi observado que, na cobertura, o cidadão aparece tendo um papel secundário.

          Palavras-Chave: Imprensa; Saúde; Jornalismo; Cidadania.

           1. Introdução

          A divulgação, na imprensa escrita, de matérias sobre saúde humana pode assumir um papel relevante no acesso dos cidadãos aos seus direitos. Em primeiro lugar, porque, através de uma ampla disseminação de informações sobre prevenção, diagnóstico e terapêutica, é capaz de auxiliar o indivíduo a administrar seu maior patrimônio: a vida. Em segundo, porque tem condições de proporcionar a cada um que conheça melhor os recursos científicos, tecnológicos, estruturais e legais de que pode dispor para preservar o seu bem-estar físico e mental.

          Ao atuarem dessa forma, os jornais estariam favorecendo, antes de mais nada, o próprio direito à informação e, através dele, instrumentalizando o cidadão para o acesso ao direito à saúde. Considerando que esse comportamento representa uma postura ética e socialmente responsável da imprensa, o presente estudo dedicou-se a analisar as informações veiculadas nas coberturas em saúde feitas por diários de Porto Alegre, para, a partir daí, identificar suas características.

          2. Cidadania: os direitos instituídos e a realidade

          O conceito de cidadania possui várias abordagens (1). Neste estudo, partiu-se da concepção clássica de Marshall, que propõe uma divisão em três elementos fundamentais: direitos civis (como liberdade de ir e vir, liberdade de imprensa, direito à propriedade e à justiça), políticos (direito de participar no exercício do poder político) e sociais. Nesta última categoria, está incluído "[. . .] tudo o que vai desde o direito a um mínimo de bem-estar econômico e segurança ao direito de participar, por completo, na herança social e levar a vida de um ser civilizado". (MARSHALL, 1967, p. 63).

          O acesso à saúde, assim como às informações sobre ela, fazem parte, portanto, dos direitos sociais, constituindo-se em fator inerente à condição de cidadania. Tal direito está previsto em variadas instâncias, desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos até diversas disposições legais, como exemplificado, com foco na realidade brasileira, no quadro a seguir:

Declaração Universal dos Direitos Humanos

          Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quando aos serviços sociais necessários.

Lei 8.080

          A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

Código de Defesa do Consumidor

          É direito básico a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos.

Estatuto do Idoso

          É obrigação do Estado garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade.

Estatuto da Criança e do Adolescente

          "A criança e o adolescente têm direito à proteção, à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência."

Quadro 1 - Algumas regulamentações sobre os direitos à saúde

          Apesar desse amplo conjunto de direitos previstos, os indicadores sociais demonstram que, no Brasil, um grande número de pessoas adoece e morre porque outros direitos sociais básicos, como o acesso a condições adequadas de nutrição, higiene e assistência médica, são desrespeitados. Ao mesmo tempo, constata-se uma elevada incidência de patologias – tais como doenças infecciosas e parasitárias, dos aparelhos circulatório e respiratório e diversos tipos de câncer – que poderiam ser evitadas através da adoção de medidas preventivas.

          Daí depreende-se que, se as más condições socioeconômicas são responsáveis, em grande parte, pelas carências de saúde da população, também a circulação de informações ocupa papel decisivo nesse quadro. Um cidadão bem-informado sobre as prerrogativas legais que o beneficiam e os serviços que o poder público tem o dever de disponibilizar possuiria mais condições de exigir o cumprimento de seus direitos. Este mesmo cidadão, na medida em que tivesse acesso a conhecimentos sobre prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, estaria apto a cuidar melhor de si mesmo e a reproduzir essas informações à coletividade em que vive. Se isso não ocorre, é porque também não está sendo exercido, em sua plenitude, o direito à informação, que Gentilli (2002, p. 49) classifica como "uma porta de acesso a outros direitos".

          Para Maurizi (2001), um dos elementos que contribui diretamente para o desenvolvimento da cidadania é "[. . .] o acesso às informações que as pessoas possam ter, que sirvam como suporte para a tomada de decisões sobre os cursos de ação que estas queiram seguir". A Unesco define informação como um bem público e social (apud Peruzzo, 2002, p. 75) e a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS, 2004) destaca a responsabilidade da comunicação:

          Para formular políticas públicas saudáveis, os setores da agricultura, comércio, educação, indústria e comunicação devem levar em consideração a saúde como um fator essencial. Estes setores deveriam ser responsabilizados pelas conseqüências de suas decisões políticas sobre a saúde da população, porque o crescimento econômico, por si só, não contribui para a melhoria das condições de saúde.

          Embora a circulação de informações possa se dar em diferentes níveis - na família, nos núcleos comunitários, nas relações médico-paciente, nos serviços de saúde e na escola, por exemplo - , é nos meios de comunicação que tem condições de atingir, simultaneamente, um grande número de pessoas. Como menciona Bueno (2003a):

          A imprensa pode provocar, indiretamente, mudanças nos comportamentos individuais e sociais [. . .], seu papel é importante para manter viva a memória das pessoas sobre assuntos da saúde e tornar aplicáveis os conhecimentos teóricos adquiridos por outros meios.

          No mesmo sentido, Martini (2000, p. 15, p. 22) ressalta que o jornalismo "[. . .] produz as notícias que constroem uma parte da realidade social e que possibilitam aos indivíduos o conhecimento do mundo a que não podem aceder de maneira direta". Para o autor, "[. . .] a informação permite aos indivíduos conhecer-se melhor e conhecer seu entorno, organizar sua vida no âmbito privado e participar na vida pública". Por sua vez, Muñoz-Torres (2002, p. 226) afirma que "[. . .] a narração tem certo caráter utilitário: serve para obter dados que façam possível ou facilitem a árdua tarefa de decidir; em uma palavra, que ajudem a viver". Ou, como destaca Sabbatini (2004), a informação sobre saúde é fundamental para o cidadão:

          [. . .] pois torna possível a assim chamada ‘decisão bem-informada’, ou ‘consentimento bem-informado’, tais como saber quando procurar um profissional de saúde, decidir vacinar os filhos, seguir hábitos saudáveis e abandonar hábitos deletérios para a saúde (como parar de fumar), concordar com um tratamento médico prescrito, obedecer rigorosamente uma receita médica etc. É imprescindível que as pessoas participem nas decisões médicas sobre sua própria saúde, sabendo, inclusive, discriminar quando a conduta do profissional pode estar errada, falha ou omissa.

          Para se efetivarem como instrumentos de consolidação da cidadania através da cobertura da área da saúde, aos meios de comunicação caberia uma múltipla abordagem do tema. Poderiam fazer menção a direitos existentes, acompanhar seu cumprimento e denunciar distorções; informar sobre serviços públicos, o que oferecem, quais as formas de acessá-los e em que desrespeitam direitos; e tornar acessíveis informações e orientações sobre prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças. Estariam aptos a servir, ainda, como um meio de desabafo e reivindicação para o cidadão que, descontente com o atendimento recebido – ou negado – em um serviço, encontraria neles um canal para registrar suas queixas e vê-las transformadas em assunto de domínio público, tendo como fim último não a resolução do caso específico, mas o conhecimento e a correção de irregularidades que também atingem toda a coletividade. Em resumo, seria preciso que os meios de comunicação disponibilizassem aos cidadãos o fácil e permanente acesso a informações de qualidade. Sobre isso, duas observações são necessárias.

          Em primeiro lugar, quanto ao acesso, cabe lembrar que os jornais, como produtores de sentido simbólico, exigem o domínio de um código lingüístico – a palavra escrita – para que sejam consumidos. Ao mesmo tempo, sua compra requer disponibilidade financeira. Contrapondo estes pré-requisitos com a realidade brasileira, em que há um grande percentual de cidadãos com baixo nível de escolaridade ou analfabetos, e também com reduzido poder aquisitivo, conclui-se que não se está analisando canais capazes de atingir toda a população. Ainda assim, uma pesquisa do Marplan sobre o perfil dos leitores de jornais no Brasil (Associação Nacional dos Jornais, 2004) mostra que o meio jornal tem uma boa penetração, principalmente, nas classes B e C, estando presente, também, nos segmentos A e D/E, o que reforça, apesar de tudo, sua condição potencial como disseminador de informações a um universo relativamente amplo e variado de pessoas.

          A segunda observação diz respeito à qualidade das informações veiculadas pelos meios de comunicação ao conjunto da população. Esta característica está relacionada, entre outros aspectos, à forma de exposição do conteúdo e sua compreensibilidade junto a diferentes tipos de leitores. Segundo Morigi e Rosa (2004, p. 6):

          Cada campo social possui suas normas e regras próprias – contratos – para seus discursos, que permitem ao seu público uma compreensão das mensagens. Entretanto, os múltiplos discursos das diversas instituições sociais formam linguagens técnicas nem sempre acessíveis e decodificáveis pelos cidadãos. O campo midiático possui regras e normas específicas, que rompem a ordem do campo de origem, para a efetivação de uma nova ordem assimilada pela pluralidade da opinião pública.

          Neste contexto, a questão também está relacionada à segmentação dos jornais, como frutos, que são, de empresas com finalidade comercial. Como destaca Dahlgren (1997, p. 257):

          Com a adoção cada vez maior de uma lógica comercial, segundo se pode observar, nos meios verifica-se uma progressiva divisão de seus públicos sobre a base de suas características demográficas e de uma avaliação de sua capacidade de consumo. O jornalismo de informação se constrói a partir daí de maneiras diversas, segundo os diferentes grupos a que se dirige e em função de estratégias de mercado.

          A avaliação da qualidade das informações envolve, sobretudo, considerações sobre a postura ética das empresas e profissionais. Neste sentido, Wisnik (1992, p. 327) enfatiza que os meios de comunicação são uma forma de tomarmos contato com a realidade através de representações e que toda representação da realidade recorta-a, fragmenta-a. O jornalismo funciona, assim, como uma máquina de montar e desmontar contextos. E o jornal concebido apenas como uma mercadoria dá lugar à "[. . .] contínua dissipação do mundo em fragmentos, que rejeita qualquer idéia de permanência, que desmente pela sua própria materialidade toda transcendência e que centrifuga o sentido, mesmo quando pretenda sustentar uma interpretação única dos fatos".

          As maneiras como a fragmentação e a descontextualização das informações se manifestam podem ser verificadas em outros estudos que avaliaram a cobertura de saúde. Bueno (2003b) aponta cinco aspectos predominantes: a centralização do foco na doença, a visão preconceituosa das terapias alternativas, a ideologia da tecnificação, a legitimação do discurso da competência e a espetacularização da cobertura na área médica. Em outro estudo (Bueno, 2003a), o autor verificou que:

          [. . .] os temas só recebem tratamento mais detalhado, como fontes diversas e menção a casos de exemplos, nos cadernos especiais [. . .]. As matérias do noticiário em geral são curtas, têm poucas (muitas vezes só uma) fontes de informação e, quando se trata de divulgar estudos científicos, geralmente fazem referência a pesquisas internacionais.

          Cruz Júnior (2004), que pesquisou as matérias de jornais do Espírito Santo, identificou como principais problemas a ênfase no jornalismo declaratório, a ausência de movimentos populares, ONGs e órgãos de pesquisa capixabas, a dificuldade de diálogo entre jornalistas e fontes e a falta de editorias próprias e repórteres especializados. Por sua vez, Dines (2004) aponta o caráter efêmero da cobertura em saúde, o foco na doença e não no doente, a falta de preparo dos jornalistas para a abordagem da área, a influência dos modismos e dos interesses da indústria farmacêutica, a espetacularização da cobertura – explorando a "hipocondria de doentes reais ou imaginários" –, o enfoque de assuntos com alto poder de venda e o corporativismo que impede a presença, nas redações, de "médicos-jornalistas".

          Tudo isso conduz à discussão sobre a ética da produção jornalística, que, no entender de Wisnik, deve ser feita a partir da reflexão sobre o poder que a imprensa tem de criar suas próprias realidades, apresentadas ao como a realidade. Peixoto (1992, p. 318), ao analisar o uso das imagens no jornalismo, conclui que se deveria "[. . .] retratar o mundo como paisagem, deixá-lo se constituir em horizonte. [. . .] Respeitar a estrutura, o tempo, a história do lugar". Nessa visão, fazer uma cobertura ética sobre saúde nos meios de comunicação seria oferecer aos cidadãos, através do texto, a possibilidade do contexto, proporcionar que os dados fossem expostos aos leitores sob pontos de vista multiplicados e aparições plurais, transformando-se em informações de fato qualificadas, capazes de serem claramente recebidas pelos cidadãos e incorporadas ao seu cotidiano, de acordo com seus interesses e suas necessidades.

          3. Universo da pesquisa e metodologia

           Zero Hora e Diário Gaúcho, os dois jornais tomados para o estudo, pertencem ao mesmo grupo empresarial – a Rede Brasil Sul –, mas possuem características diferentes entre si, a começar pelo perfil de seus leitores (RBS, 2004). Entre os consumidores de Zero Hora, a prevalência é das classes B e C, enquanto no Diário Gaúcho sobressaem os segmentos C, B e D/E. No primeiro, predominam os leitores com ensino médio (41%), embora sejam significativas, também, as parcelas detentoras do fundamental (34%) e superior (25%). No Diário Gaúcho, 60% possuem instrução fundamental, enquanto 34% cursaram o ensino médio e apenas 5%, o superior.

          Os dois periódicos têm projetos editoriais distintos. Zero Hora possui uma trajetória de 40 anos e a proposta de ser um jornal de referência. Na descrição de seu perfil, é apresentado como "um dos jornais mais importantes e respeitados do país" (Zero Hora, 2004). O Diário Gaúcho, com quatro anos de existência, nasceu como uma publicação "popular", com ênfase em áreas como variedades, notícias locais, cobertura policial e esportes. É descrito como "um jornal direcionado ao público popular da Grande Porto Alegre, que nesse mercado chega a 76% da população" (Diário Gaúcho, 2004).

          Para o presente estudo, foram analisadas, durante o mês de março de 2004, todas as edições dos dois jornais. Nos gêneros informativo e interpretativo, foi identificada a presença de sete categorias, de acordo com o conteúdo das matérias - informações sobre saúde, serviços de saúde, eventos e programas para a comunidade, voluntariado e solidariedade, profissionais e empresas, curiosidades e problemas de saúde de pessoas conhecidas - , totalizando 193 inserções. Já no gênero opinativo, foram registradas 46 cartas de leitores, além de quatro editoriais das empresas jornalísticas, dois artigos assinados por especialistas e quatro manifestações de colunistas. Dentro da proposta do presente estudo, que pretende analisar a divulgação de informações sobre saúde, os direitos dos cidadãos e os serviços a ele disponibilizados, o foco centrou-se nas duas primeiras categorias, que abrangem o universo descrito no quadro a seguir.

Categorias

Descrição

Inserções em Zero Hora

Inserções no

Diário Gaúcho

Informações sobre saúde Matérias sobre doenças, formas de prevenção, diagnóstico e tratamento, incidência de problemas de saúde, pesquisas e avanços na área, além de colunas fixas de dicas e orientações. 7 matérias, a maioria com notas ou pequenas notícias. 11 matérias, a maioria de extensão média a longa.
4 edições do caderno semanal Vida, com 8 páginas cada, mesclando reportagens extensas notas curtas. 33 colunas de dicas (Pergunte a Quem Sabe, 5; Dicas de Saúde, 3; e Falando de Sexo, 25).
31 edições da coluna de dicas Viva Melhor, inseridas na editoria Geral.
Serviços de saúde Políticas e programas públicos, novos serviços ou melhorias dos existentes, fatos relacionados a hospitais e postos e dificuldades de atendimento. 50 matérias, a maioria delas na forma de notas ou notícias curtas. 23 matérias, a maioria com textos de extensão média a longa.

Quadro 2 – Categorias analisadas conforme inserção nos jornais

          Para identificar as características em comum deste universo, a fim de estabelecer quais os traços gerais da cobertura em saúde nos dois jornais e a maneira como ela se relaciona com a construção e o fortalecimento da cidadania, foram considerados os dados quantitativos referidos e, principalmente, os aspectos qualitativos da cobertura: quais os temas enfocados e com que tipo de abordagem.

          4. As informações sobre saúde nos jornais de Porto Alegre

          Um dos focos de possibilidade de atuação dos jornais como instrumentos de consolidação da cidadania na área da saúde é a divulgação de direitos, serviços, políticas e programas públicos. Em relação a esses elementos, observou-se o que segue.

          Em Zero Hora, é freqüente a abordagem de programas e políticas públicos, mas geralmente em pequenas notas, sem aprofundamento ou contextualização. Por exemplo, há diversas referências a problemas envolvendo tentativas de modificações no sistema de internações psiquiátricas, mas nenhuma reportagem mais ampla a respeito de saúde mental e a mudança do conceito de atendimento nesta área. O mesmo ocorre em relação à saúde da mulher: embora haja notas sobre o lançamento de plano do Governo Federal para planejamento familiar e de programa do Ministério da Saúde de combate à mortalidade materna e uma notícia um pouco mais ampla sobre um programa da Prefeitura de Porto Alegre para cuidados com a mãe e o bebê, é possível detectar um tratamento fragmentando dessas questões, sem que haja espaço para uma exposição e debate mais aprofundados e inter-relacionados em torno delas. No Diário Gaúcho, notícias com ênfase em políticas e programas não são tão freqüentes e, quando aparecem, têm tratamento similar ao dado por Zero Hora.

          Em relação à oferta de serviços de saúde, a forma de os acessar e os problemas que os envolvem, em Zero Hora há o freqüente, embora breve, relato de problemas pontuais, como greves, situações de superlotação, fechamento de postos ou hospitais. Apenas em uma ocasião foi realizada reportagem especial, intitulada "A agonia dos hospitais gaúchos" (Zero Hora, 9 mar. 2004, p. 4-5). Outra reportagem, com duas páginas e chamada na capa do jornal, versa sobre as elevadas despesas do estado com o fornecimento de medicamentos especiais. A reprodução de informações sobre os serviços de saúde existentes é rara, aparecendo apenas como complemento de uma ou outra matéria do caderno semanal Vida. O maior destaque, tanto em termos de quantidade de inserções quanto na extensão das notícias, é dado para questões envolvendo regulamentação de planos de saúde.

          No Diário Gaúcho, no qual é mais freqüente a referência aos serviços de saúde existentes, indicando aos leitores onde procurar assistência médica, receber orientações ou realizar exames gratuitos, por exemplo. Isto ocorre tanto em notas com essa finalidade específica quanto como complemento de matérias que tratam de prevenção e tratamento de doenças. Da mesma forma, as denúncias sobre deficiências no atendimento de hospitais e postos de saúde são comuns. Nestes casos, o jornal apresenta relatos de casos específicos e dramatiza a situação da vítima, realizando, através da denúncia, a mediação entre os interesses do cidadão e o poder público, tomando para si a função de órgãos que deveriam zelar pela assistência aos direitos sociais da população. Aplica-se, a essa situação, a reflexão de García-Canclini sobre os meios eletrônicos, que ajudaram a estabelecer outras maneiras de se informar, conceber e exercer os direitos: "Desiludido com as burocracias estatais, partidárias e sindicais, o público recorre à rádio e à televisão para conseguir o que as instituições cidadãs não proporcionam: serviços, justiça, reparações ou simples atenção" (GARCÍA-CANCLINI, 1999, p. 50).

          O alvo das coberturas de todos esses temas é o cidadão. No entanto, raramente ele é o sujeito do noticiário. Em Zero Hora, suas manifestações aparecem em matérias sobre dificuldades específicas para receber atendimento. Naquelas sobre problemas do sistema de saúde, apenas eventualmente há falas da população, predominando a exposição dos fatos pelo viés do discurso oficial, com estatísticas, depoimentos de dirigentes de instituições e autoridades públicas. Por exemplo, na reportagem antes citada sobre a crise nos hospitais gaúchos, que prejudica milhares de pessoas, em duas páginas não é incluída a manifestação de nenhum cidadão.

          No Diário Gaúcho, a inserção de opiniões dos cidadãos está presente na maior parte das matérias desse tipo. Além disso, através de determinadas seções, são criados espaços de intermediação, incentivando as manifestações dos leitores, que geralmente reclamam contra deficiências dos serviços de saúde. É o caso da coluna Meu Jornal, na qual se observa, porém, que os nomes dos remetentes não são citados, fazendo-se apenas referências a "um leitor" ou "uma leitora".

          O segundo segmento em que os jornais podem mediar a cidadania refere-se à disseminação de informações sobre a promoção da saúde. Neste aspecto, no dia-a-dia Zero Hora possui pouco espaço para a publicação de matérias sobre prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças. A única seção fixa, de segunda a domingo, é a coluna Viva Melhor, inserida na editoria Geral, sem destaque visual e disposta em páginas em que há diversas notas breves sobre assuntos variados. Nessa coluna, é apresentada uma pergunta, respondida por um especialista. O texto caracteriza-se por empregar, com freqüência, uma linguagem técnica. Por exemplo, na edição de 18 de março (Zero Hora, p. 32), sob o título "Chupar o dedo", faz-se a pergunta "O que é e quais as causas da sucção digital" e a resposta inclui expressões como "hábito que compromete as funções do sistema motor oral, da fala e do desenvolvimento dos órgãos fonoarticulatórios".

          Por outro lado, o jornal mantém um caderno semanal sobre saúde: o Vida, que circula aos sábados, com oito páginas, e traz reportagens, notícias e notas sobre doenças, seus sintomas, prevenção, diagnóstico e tratamento, hábitos saudáveis, pesquisas científicas, literatura e eventos na área.. O caderno possui um Conselho do Leitor, cuja análise sobre o conteúdo das matérias é publicada uma vez por mês. Também mensalmente, divulga-se, sob o título Você Faz o Vida, uma relação de assuntos para que os leitores escolham o preferido, que vai se transformar em pauta para futura reportagem. A votação ocorre exclusivamente pela internet.

          A reportagem que é chamada na capa do caderno e ocupa mais duas ou três de suas páginas internas – além de ser o tema da coluna Cena Médica, assinada pelo médico e escritor Moacyr Scliar – apresenta a abordagem de um tema sob variados ângulos, tendo, como fontes, especialistas, autoridades e, eventualmente, depoimentos de cidadãos, cujas narrativas exemplificam e ilustram o assunto em foco. Nas quatro edições analisadas, os temas foram diabetes, doenças do intestino, diálogo entre médicos e pacientes e autismo – este último, reproduzindo tradução de reportagem originalmente publicada no The New York times. Nas demais páginas do caderno, são inseridas reportagens com abordagem similar, embora com menor extensão, e também notas breves.

          No Diário Gaúcho, o tema saúde é recorrente, seja em matérias inseridas na editoria Dia-a-dia, em dicas reproduzidas freqüentemente na contracapa do jornal ou nas seções fixas Pergunte a Quem Sabe (que esporadicamente é dedicada à saúde), Dicas de Saúde (semanal) e Falando de Sexo (diária). Os textos oferecem dicas de cuidados (por exemplo, como escovar os dentes de crianças ou os riscos de roer as unhas). Há outros, mais elaborados, em que procuram criar laços de identificação com os leitores, como expressa uma notícia (Diário Gaúcho, 9 mar. 2004, p. 4) sobre depressão pós-parto, em que é utilizado, como forma de exemplificar o problema, o caso da personagem Maria Luísa, da minissérie Um Só Coração, então em exibição pela TV Globo. Nesta situação, mesclam-se a realidade e a ficção, reforçando uma característica atribuída por Wisnik (1992) ao jornalismo: a mediação de ilusões. As fontes destas coberturas incluem especialistas, autoridades e depoimentos de cidadãos.

          Por fim, os distintos tipos de abordagens adotados pelos dois jornais, devido às diferenças entre seus públicos, podem ser exemplificados através de matérias publicadas, em ambos, sobre o mesmo tema: o aumento dos casos de obesidade e seus riscos para a saúde. Em Zero Hora, a abordagem recebeu o título e subtítulo "Obesidade: o novo flagelo americano – Problema é a segunda maior causa de mortes evitáveis nos EUA" (Zero Hora, 10 mar. 2004, p. 25). Já o Diário Gaúcho anunciou: "Obesidade não ameaça só os ricos" (Diário Gaúcho, 11 mar 2004, p. 4). Enquanto, no primeiro, o texto girou em torno de um relatório estadunidense sobre o tema, com dados estatísticos e depoimento de alguns pesquisadores, o segundo iniciou dizendo que "obesidade não é privilégio de quem pode comprar guloseimas. Estudos indicam que os menos ricos estão ficando cada vez mais gordos" e desenvolveu o texto usando como base uma pesquisa da Universidade Federal de Pelotas, ouviu depoimentos de cidadãos, explicou como identificar o grau de obesidade, detalhou qual o tipo de alimentação ideal e relacionou serviços onde buscar ajuda.

          A partir da análise das matérias, foi possível identificar a predominância de algumas características comuns na cobertura de saúde feita pelos dois jornais porto-alegrenses. A primeira delas é a limitação e a dispersão das informações. Analisado isoladamente, o número que aponta para a publicação, em um mês, de 193 matérias e quatro edições de um caderno sobre saúde pode parecer revelar uma cobertura ampla. No entanto, observa-se que muitas das matérias são breves, aparecem em forma de notas, sem destaque visual, com poucas fontes e dispersas na geografia do jornal.

          Em conseqüência, manifesta-se uma segunda característica: a fragmentação e descontextualização das coberturas. Para Bueno (2003b), "[. . .] as notícias e reportagens fluem na mídia como peças de um quebra-cabeças que nunca se completa". Isso foi observado desde a etapa de classificação das matérias, quando elas foram facilmente incluídas em uma das categorias estabelecidas. Por exemplo, as notícias com informações sobre os cuidados com a saúde não se confundem com aquelas que dizem respeito a políticas e programas, porque a maioria atém-se a apenas um aspecto: ou informam sobre um novo projeto governamental para solucionar um problema de saúde pública ou relatam como prevenir e tratar este mesmo problema. Da mesma forma, o fato de o poder público anunciar uma nova iniciativa, na qual serão investidos milhões de reais para combater determinada doença, não significa que esta será pauta de uma ampla e esclarecedora reportagem.

          O aspecto fragmentário das coberturas conduz a uma terceira característica: a publicização de questões que dizem respeito à coletividade como problemas individuais. As denúncias dos leitores geram coberturas sobre a precariedade do sistema público de saúde, mas as matérias têm como foco o problema do cidadão denunciante, que transforma questões relacionadas a sua intimidade em fatos públicos, expondo seu sofrimento, suas carências e as humilhações enfrentadas, na expectativa de ter um problema pontual resolvido. Embora a dificuldade apresentada – por exemplo, não conseguir agendar uma consulta com especialista – seja enfrentada diariamente por centenas de pessoas, o que motiva a matéria, sensibiliza leitores e mobiliza autoridades é um caso isolado; o jornal acaba por tratar do problema daquele indivíduo, cobrar do poder público um posicionamento sobre aquele caso e, algumas vezes, em uma postura assistencialista, encontrar a solução para aquele problema específico. Perde-se, assim, a noção da problemática do sistema de saúde pública como uma questão coletiva, que precisa ser conhecida e debatida pela sociedade.

          A última característica diz respeito à maneira como o cidadão está presente no noticiário. Embora as coberturas de saúde forneçam informações de interesse do público e sejam veiculadas justamente em função dele, a presença dos cidadãos nas coberturas jornalísticas da área é pouco relevante. Seus questionamentos e opiniões não são freqüentes e, muitas vezes, seus depoimentos são reproduzidos com a finalidade de gerar repercussões sensacionalistas, à medida que podem ajudar a vender uma maior quantidade de jornais. No processo de construção das informações, o papel do cidadão de sujeito ativo é sobrepujado, pois, quase sempre, é tratado como vítima à margem das políticas públicas e da sociedade.

          6. Considerações finais

          A cobertura jornalística da área da saúde exerce, no mundo contemporâneo, um papel importante. Presente na pauta diária dos jornais e até mesmo em cadernos e seções exclusivas, ela auxilia o leitor a situar-se e orientar-se em meio ao imenso e complexo universo de informações que o rodeia.

          Apesar disso, a contribuição do jornalismo em saúde para a formação e consolidação da cidadania não ocorre em sua plenitude. Assim como a própria medicina ainda trilha o caminho para tratar da saúde dos sujeitos de uma maneira mais integral, as coberturas da imprensa diária podem desenvolver-se para uma abordagem menos parcial da realidade, que não inclua o cidadão como um consumidor passivo das informações recebidas, mas como sujeito ativo e construtor da história e da sua própria existência.

          Atuando como mediadores de informações essenciais para a prática cidadã, os meios deveriam avançar na reflexão crítica sobre o processo de produção e veiculação das notícias a serviço da construção da cidadania, no sentido de uma abordagem voltada não para o fragmento, mas para o todo, e que privilegie não a espetacularização e a reificação das informações, mas a prestação de um serviço de interesse e utilidade públicos. Desta forma, compreendendo que o direito à informação e o direito à vida podem ser sinônimos, estariam assumindo uma postura ética e socialmente responsável. Esta postura, convém ressaltar, ultrapassa a conduta individual dos jornalistas, desdobrando-se em uma ética dos meios de comunicação.

          A referida ação deve permear, inclusive, os estudos sobre a mídia. É necessário analisar os meios de comunicação não como um fragmento da vida social contemporânea, como atores de um processo isolado e acabado em si mesmo, ou, ainda, como transmissores ativos de mensagens recebidas por públicos passivos, mas sim como participantes dinâmicos da vida cotidiana, dotados de uma imensa capacidade de influenciar e ser influenciados e de construir – ou obstruir – a construção e o fortalecimento da cidadania.

          Notas

1) Cf. VIEIRA, Liszt. Cidadania e globalização. Rio de Janeiro: Record, 2001.

          Referências

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS. Perfil dos consumidores do meio jornal. Disponível em: <http://www.anj.org.br/webc/webs/anj/isto_e/mj_perfil.cfm>. Acesso em: 16 abr. 2004.

BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: <http://www.unicef.org/brazil/ECA01.htm>. Acesso em: 17 abr. 2004.

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Elisa Kopplin Ferraretto
Mestranda pelo Programa de Pós-graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Valdir José Morigi
Doutor em Sociologia pela USP, Professor Adjunto em Ciência da Informação e Professor no PPGCOM/UFRGS.

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