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A
comunicação entre médico e paciente em unidades
de emergência: um estudo de caso no Hospital Odilon Behrens
Gilvan Ferreira de Araújo*
Resumo
Este
trabalho pretende analisar a importância da comunicação para a
manutenção do caráter positivo das relações face a face entre
médicos e pacientes e, destes, com o estabelecimento de saúde;
no caso o Hospital Odilon Behrens (HOB), em Belo Horizonte, e,
especificamente, do seu pronto-socorro. O triângulo aqui formado
por atores diferenciados - médico, paciente e instituição - tem
um vértice comum: todos buscam a promoção da saúde.
O
problema a ser estudado é por que a relação entre médicos e pacientes
cria representações de comunicação no pronto-socorro, mostrando
atuações muitas vezes divergentes dos atores, para alcançar esse
objetivo comum? Uma das hipóteses a ser investigada aponta para
o fato da construção da relação entre médico e paciente se dar
através de uma imposição sistêmica e institucional do estabelecimento
de saúde, impondo regras e procedimentos a serem cumpridos sem
a discussão e avaliação dos atores envolvidos. Outro aspecto é
o sociocultural, através do qual, cada ator traz sua experiência
e coloca-a em disputa no campo da saúde. O médico com seu saber
especializado, o paciente com sua enfermidade e a leitura que
faz dela e, por último, a instituição que tem o dever de administrar,
com base em um sistema geral, as duas primeiras.
Para
a discussão desse problema e das hipóteses aqui apresentadas trabalhamos,
dentre outros referenciais teóricos, com os conceitos de «sistema
perito» (Giddens, 1991) e o da situação face a face (Goffman,
2003), buscando situá-los à realidade do pronto-socorro do HOB.
Palavras-chave:
face a face; médico; paciente; Odilon Behrens
Terceiro
sinal. Abram as cortinas
Silêncio,
o espetáculo vai começar...
Um
dos mais importantes desafios para a consolidação do SUS está
sendo a organização de um sistema de atenção às urgências e emergências
que consiga dar respostas eficientes à demanda da população. Essa
resposta deve ser entendida não só pela resolutividade de um atendimento
técnico correto de medicina e enfermagem, mas também de uma abordagem
humanizada ao paciente e seus familiares no ambiente hospitalar,
principalmente no pronto-socorro, que é a porta de entrada dos
casos de emergência nos serviço de saúde.
Nesse
sentido, entendemos que o estudo da comunicação na situação face
a face com o outro, como proposto por Goffman, é, senão o mais
importante, o ponto de partida para a investigação das possibilidades
e alcance que essa comunicação pode atingir e cumprir no seu papel
de também humanizar as relações entre médicos e seus pacientes.
Nossa
proposta é identificar as principais representações construídas
na relação face a face e investigar onde e como elas se estabelecem
para o médico, para o paciente e para os movimentos sociais representativos,
como o conselho local e o sindicato dos trabalhadores. E assim,
analisar, por exemplo, se propostas como a do "Projeto Posso
Ajudar?" (que falarei mais adiante) contribuem na criação
ou cancelamento de tais representações ou, ao contrário, ajudam
a manter a «máscaras» (refiro-me a Goffman), calcificando tais
imagens e, consequentemente, causando mais distanciamento do que
a aproximação de médicos e pacientes.
Com
uma média de 500 atendimentos de urgência e emergência por dia,
o pronto-socorro do Hospital Municipal Odilon Behrens (HOB), em
Belo Horizonte, se constitui num sistema perito, conforme anunciado
por Giddens, sendo referência não só para os habitantes da capital
mineira, mas para todos os moradores da região metropolitana de
Belo Horizonte (cerca de três milhões de moradores). Nessa realidade,
o HOB (o maior hospital conveniado ao SUS em Minas Gerais em número
de AIHs absoluto) se propôs a trabalhar um atendimento mais humanizado
das enfermidades, criando os Projetos Posso Ajudar? e de Humanização
e Acolhimento no Pronto-Socorro, além de iniciar a implantação
da gestão colegiada.
Desde
1994, ao começar a trabalhar com comunicação na saúde pública,
podemos comprovar que a informação é um instrumento crucial na
relação entre os atores que trabalham ou utilizam os serviços
do Sistema Único de Saúde - SUS. Durante esses dez anos de experiência
em hospitais públicos, como o Hospital Regional de Betim (desde
antes de sua inauguração) e o Municipal Odilon Behrens, em Belo
Horizonte; e nas secretarias municipais de Saúde de Betim e de
Belo Horizonte, podemos acompanhar diversas situações de satisfação
e insatisfação de centenas de usuários com o atendimento recebido
pelo SUS.
Esses
sentimentos, na imensa maioria das vezes, são gerados por um único
motivo: o atendimento dispensado ao paciente pela instituição
de saúde e, especialmente, pelo médico durante a consulta com
seu paciente. Dos elogios a ameaças, da gratidão ao ódio, todas
as emoções são viés desta relação face a face. Desta forma, as
manifestações positivas dos pacientes em relação ao atendimento
recebido pela instituição são resultado da satisfação de seus
anseios e esperança em relação ao que iriam receber e o que de
fato receberam. As amarguras e ódio, ao contrário, são frutos
da insatisfação e frustração dessa mesma esperança.
Pela
nossa experiência, sabemos que a comunicação, para a manutenção
do caráter positivo das relações face a face entre médicos e pacientes
e, destes, com o estabelecimento de saúde, tem um papel fundamental.
A pirâmide formada por esses três atores - médico, paciente e
instituição - tem um vértice comum: todos buscam a promoção da
saúde em todos os seus aspectos. Ou seja, nem o médico nem o estabelecimento
de saúde querem ações que resultem em fracassos, em número acentuado
de óbitos, longa permanência de doentes internados ou dados estatísticos
que referenciem a má qualidade da assistência e coloquem em xeque
a credibilidade e eficiência dos seus serviços. Da mesma forma,
os pacientes buscam a resolusão dos seus problemas e fazem isso
em instituições que pareçam (e de preferência que realmente sejam)
confiáveis, eficientes e resolutivas. Então, todos querem a mesma
coisa: uma saúde pública resolutiva e de qualidade. Todos os atores
buscam esta promoção da saúde através de acordos cooperativos
(declarados ou não), que têm como pressuposto básico o esforço
de todos em ajudar. O paciente tratando de seguir as orientações
médicas, os médicos em diagnosticar os problemas de saúde e prescrever
o melhor tratamento ao paciente e a instituição em garantir os
recursos, infra-estrutura e condições ideais de trabalho para
o médico e de assistência ao paciente. Para a formação desses
acordos cooperativos, a comunicação tem ação transversal, atendendo
ao direito de todos de se fazerem visíveis aos demais, dando voz
e vez para suas manifestações, equilibrando as diferenças e desejos
de cada ator dentro do processo de construção cooperativa.
Este
papel da comunicação é mais complexo do que se pensa, pois é exatamente
através dela que as representações da relação entre médicos e
pacientes são criadas e, no caso específico do pronto-socorro,
podendo afastar os atores desse acordo cooperativo. A comunicação
dá visibilidade à relação entre médico e paciente e, ao mesmo
tempo, trabalha para atender às imposições do sistema de saúde
e obedecendo as regras da instituição que, por sua vez também
seguem as normas do sistema. No caso do Hospital Municipal Odilon
Behrens, as normas da instituição buscam atender às exigências
do Sistema Único de Saúde - SUS. Outro aspecto que não pode ser
ignorado pela comunicação é o sociocultural, através do qual cada
ator traz sua experiência e a coloca em disputa no campo da saúde.
O médico com seu saber especializado, o paciente com sua enfermidade
e a leitura que faz dela e, por último, a instituição que tem
o dever de administrar, com base em um sistema geral (SUS), as
duas primeiras. A equação desta relação demonstra que há embricamentos
muito sensíveis entre os atores e também percepções da realidade
e formas diferentes de alcançar o mesmo objetivo. Por exemplo,
o médico acredita que a melhor forma de atender o paciente é reduzindo
o número de consultas a no máximo quatro por hora
(1) , mas ao mesmo tempo com uma média diária
de 500 atendimentos, o Pronto-Socorro não teria condições de atender
a todos se tal regra fosse mantida. O resultado dessa equação
são filas e serviços de emergência sempre lotados. Na emergência,
a lógica não é mais a da quantidade, mas da qualidade prestada
na assistência ao paciente. O difícil da equação é encontrar um
denominador comum que garanta atendimento eficaz e de qualidade
para todos (em grande quantidade), sem longas esperas para o paciente.
A
Comunicação acendendo as luzes do sistema perito
No
campo da saúde pública, na grande BH, o pronto-socorro do Hospital
Municipal Odilon Behrens (HOB) se constitui em um «sistema perito"
(2) . Giddens explica que o sistema perito integra o conhecimento
de especialistas, como os médicos, e isso influencia muitos aspectos
do que fazemos de uma maneira contínua. A idéia de Giddens é que,
mesmo sem saber exatamente como as coisas funcionam, as pessoas
leigas depositam sua confiança. Assim, por exemplo, o prédio onde
moro, mesmo não conhecendo de arquitetura ou engenharia civil,
confio que sua estrutura é sólida e não vai cair. Em um pronto-socorro,
mesmo não conhecendo de medicina, confio nos médicos que alí estão,
e como diz Giddens: "tenho fé que eles entendem de medicina".
Esta
confiança do paciente no médico é, em parte um artigo de fé. Para
Giddens, "há um elemento pragmático na fé, baseado na experiência
de que tais sistemas geralmente funcionam como se espera que eles
o façam". Para proteger esta fé, segundo Giddens, existem
forças reguladoras além e acima das associações profissionais
com o intuito de proteger os usuários de sistemas peritos. No
HOB, a criação dessas forças reguladoras podem ser divididas em
duas partes. A primeira diz respeito àquelas diretrizes e leis
do próprio Sistema Único de Saúde SUS e a outra
são aquelas criadas dentro da própria instituição ou estabelecimento
de saúde.
No
HOB a imagem do especialista é reforçada. O médico dentro do hospital
é como um executivo dentro de uma empresa. Ele é visto como a
figura que detém o maior conhecimento de saúde. Sua imagem, mesmo
nas raras vezes em que não está vestido com roupas brancas, traz
sempre "adereços" que o destingue dos demais profissionais,
como o estetoscópio enlaçado ao pescoço ou sua maleta com kit
de primeiros socorros. A imagem do médico se confunde com a própria
imagem da medicina e não é preciso muito esforço para entender
que esta imagem está associada à cura de doenças. Assim, o médico
é visto como aquele especialista que detém o saber da cura de
doenças.
Associado
à sua imagem, existem comunicações verbais que reforçam o "poder"
do médico dentro de um hospital. A primeira delas e a mais evidente
é a referência ao médico como doutor (3). Embora a referência
não esteja incorreta, a palavra doutor é carregada de um valor
conotativo de sabedoria, ou seja, de um conhecimento muito além
do normal. Para o paciente do SUS, cujo perfil da maioria se localiza
na base da pirâmide sócio-econômica, com grau de escolaridade
primário e baixa qualidade de vida e saúde, o médico se torna
praticamente um "deus". A distância entre os saberes,
toda a simbologia criada em torno da figura do "doutor"
e o momento de desespero e dor se tornam ingredientes perfeitos
para o estabelecimento de que o pronto-socorro do hospital é de
fato um espaço perito.
Mas,
então o que acontece no processo de interação face a face entre
o médico e o paciente para provocar conflitos, agressões (físicas
e verbais) a ponto daquele sujeito antes visto como "deus"
se tornar um homem comum?
Segundo
Erving Goffman, a revelação dos diferentes tipos de segredo pode
ameaçar uma representação de diversas maneiras. Os segredos chamados
"indevassáveis", "estratégicos" e "íntimos",
segundo Goffman, quando são desvendados fazem com que os elementos
do grupo que não participam do segredo se sintam excluídos e insultados.
Para
Goffman, existem dois tipos de revelação de segredos. O primeiro
é o que se poderia chamar de segredos "depositados em confiança".
Este é o tipo de segredo que o possuidor se sente obrigado a guardar
por causa de sua relação com a equipe à qual o segredo se refere.
Assim, no caso deste nosso estudo, o médico não revela seus segredos
por um pacto com a classe a que pertence. Daí a expressão "máfia
de branco" atribuída por outras categorias para denominar
a fidelidade dos médicos aos seus pares, mesmo quando existem
evidências de erros ou negligência por parte de algum.
O
segundo tipo de informação sobre os segredos de outrem pode ser
chamado de "livre". Este tipo de segredo, de acordo
com Goffman, é aquele conhecido por outra pessoa, que poderia
revelá-lo sem desacreditar a imagem que apresenta de si próprio.
Desta forma, diz Goffman, "uma equipe cujos segredos vitais
sejam possuídos por outra se esforçará para obrigar os possuidores
a tratar estes segredos como segredos que lhes são confiados e
não como livres". Mas Goffman chama atenção para o fato de
que nem todas as informações destrutivas se encontram nos segredos,
como por exemplo, os gestos involuntários.
Na
interação face a face, o médico, ocupado com seus procedimentos
técnicos diante de um paciente com risco eminente de morrer, pratica
diversos atos involuntários durante sua atuação. Estes atos são
muitos vezes percebidos por outros atores (como equipe de enfermagem
ou acompanhantes mais atentos), mas nem sempre revelados.
Um
exemplo destes atos involuntários está caracterizado na falta
de higiene no contato físico com o paciente. Calçar uma luva sem
fazer a correta assepsia das mãos é uma das causas mais comuns
de infecções hospitalares. A simples troca de luvas ao mudar de
paciente, não garante de forma alguma a assepsia
necessária. Segundo normas da medicina, todo profissional deve
antes lavar as mãos corretamente com substâncias químicas apropriadas
e, só depois, calçar as luvas, cujo ato também impõe técnicas.
Fatos
como esse passam desapercebidos pela maioria. Para Goffman, a
platéia sabe o que lhe é permitido perceber, capacitada por aquilo
que pode captar, de maneira não oficial, por uma observação mais
apurada. Resumindo, explica Goffman, "conhece a definição
da situação alimentada pela representação, mas não possui informação
destruidora a respeito dela. Os estranhos nem conhecem os segredos
da representação, nem a aparência de realidade que ela cria".
Por
isso é comum as críticas e reclamações a respeito do atendimento
no pronto-socorro e em outros setores do HOB serem feitas por
acompanhantes de pacientes que ficam em tempo integral a observar
todos os movimentos, tanto do paciente quanto da equipe médica.
Apesar de não conhecerem os procedimentos médicos, esses usuários
não abrem mão do direito ao cuidado e, a qualquer gesto estranho,
vão em busca da explicação imediata. Se a informação não satisfaz,
partem para a denúncia na tentativa de chamar a atenção para o
fato.
Para
tentar interpretar melhor as queixas e orientar seus pacientes,
o HOB criou o "Projeto Posso Ajudar?". O projeto começou
a ser implantado em setembro de 2002, através de uma parceria
entre o hospital e uma instituição de ensino superior. O "Posso
Ajudar?" recebe estagiários de diversos cursos da graduação,
que trabalham na orientação de pacientes e acompanhantes dentro
do pronto-socorro. Interrompido no início de 2003, o projeto foi
retomado em 1º de agosto daquele mesmo ano, com previsão de recursos
para sua manutenção até o final de 2004.
A
abordagem dos estudantes aos pacientes e acompanhantes no pronto-socorro
do hospital é feita pessoalmente, mas ainda não existe nenhuma
avaliação sobre sua eficiência na proposta de humanização e melhoria
do fluxo de informações aos usuários do HOB. Por outro lado, não
é possível afirmar com certeza que o "Posso
Ajudar?" tenha uma função comunicacional que ajude na aproximação
e na interação entre médico e paciente. É possível que o projeto
funcione mais como um distanciador desta relação do que um facilitador,
ou uma contra face na relação entre médico e paciente.
Como
ficam em contato direto com todos os atendimentos realizados no
pronto-socorro, é possível que gradativamente os
estagiários assumam uma postura institucional, esquecendo a imparcialidade
de sua atuação e começem a representar como a equipe de saúde.
Por isso, é evidente que os usuários do pronto-socorro interpretam
a atuação dos estagiários da mesma forma que a dos demais profissionais.
O "Posso Ajudar?" se tornou mais um meio de comunicação
institucional do que um real facilitador de informações para os
usuários. Isso se deve, em grande parte, à forte influência do
pronto-socorro em todo o ambiente hospitalar.
O
pronto-socorro do HOB, pela sua importância e perfil dentro do
sistema hospitalar, é um termômetro das relações entre médicos
e pacientes e desses com a instituição. Se a insatisfação se instala
junto aos médicos do pronto-socorro, todo o restante dos trabalhadores
do Hospital é influenciado. Na última discussão salarial, em maio
deste ano, por exemplo, somente os médicos do pronto-socorro fizeram
paralisação de 12 horas. Foi o suficiente para que nos dias em
que se seguiram houvessem manifestações de enfermeiros, auxiliares
e técnicos de outros setores exigindo melhores condições de trabalho
e aumento de salário. Sem entender seu papel neste processo, pacientes
continuaram chegando da mesma forma à porta do pronto-socorro
e a relação entre médico e paciente ficou ainda mais delicada.
O
pronto-socorro do HOB é caracterizado pelo SUS como um serviço
de "porta aberta", ou seja, um estabelecimento onde
são atendidos todos os pacientes que lá chegarem, sem nenhuma
distinção de raça, credo, posição sócio-econômica ou política.
Mas muitos casos que chegam ao pronto-socorro não são caracterizados
como urgência ou emergência. A porta aberta - então - começa a
se fechar. É aí que entra a encenação.
A
face mais tensa da encenação em dois atos
"A
realidade da vida cotidiana contém esquemas tipificadores em termos
dos quais os outros são apreendidos, sendo estabelecidos os modos
como lidamos com eles nos encontros face a face». (Berger e Luckman,
2003)
A
chegada de pacientes até o pronto-socorro do HOB acontece por
diversas formas. A mais comum é aquela que o paciente chega trazido
por um parente ou amigo, em carros de vizinhos, ônibus ou de taxi.
Depois, os serviços oficiais de resgate e ambulâncias representam
a segunda maior forma de acesso ao hospital.
Ao
chegar, cada paciente (em condições de falar) é entrevistado por
um "médico coordenado (4) " que avalia o
risco do paciente. É este médico, nesta hora, que faz a triagem
dos pacientes, segundo um mapa de risco que tem quatro níveis:
1 para emergências, 2 para urgências, 3 para encaminhamentos rápidos
e 4 para não urgência. O mapa, que também tem cores diferenciadas
para cada nível, faz parte da proposta de implantação de um sistema
mais humanizado e de acolhimento no pronto-socorro.
No
momento da triagem, vale tudo. Do lado de dentro do balcão, o
médico busca de acordo com sua experiência e conhecimentos
profissionais analisar rapidamente a situação apresentada
por cada paciente e situá-la no mapa de risco. Do outro lado,
o paciente e/ou seu acompanhante fazem de tudo para convencer
o médico de que sua situação é urgente. De pedidos e clamores
a ameaças e agressões de fato, tudo é feito para garantir o atendimento.
Em meio a tanta dramaticidade, fica muito difícil saber quem está
falando a verdade.
É
o primeiro momento da interação face a face entre médico e paciente.
Do lado de dentro do balcão (em nível mais alto, cerca de 30 centímetros)
fica o médico sempre vestido de branco e detentor do saber. Do
outro lado, pessoas pedindo ajuda para seus problemas de saúde.
A porta aberta do sistema perito não é tão de livre acesso quanto
se pensa. Existem símbolos que se traduzem em fechaduras e cadeados
no inconsciente tanto do médico quanto do paciente. Estes símbolos
começam a aparecer logo na entrada, onde diversas ambulâncias,
com suas sirenes ligadas, chegam e saem a todo instante transportando
doentes e, principalmente, vítimas de acidentes de trânsito ou
de agressões com armas. Depois, a visão de várias pessoas sentadas
a espera de um parente ou amigo que está sendo atendido lá dentro
e ainda a circulação, muitas vezes apressadas, de pessoas vestidas
de branco, outras deitadas em macas vigiadas por seus acompanhantes
e curiosos sempre puxando um papo para saber da tragédia do outro,
ávidos por uma historinha trágica para comparar com a sua e atenuar
seu sofrimento. As feições dos rostos demonstram sempre tensão,
cansaço e tristeza. Quando algum fala mais alto, todos olham em
um misto de desaprovação e curiosidade. Tudo está ali, naquele
espaço e naquele tempo. Todas as representações, da comédia a
tragédia, os dramas da vida cotidiana com todos os seus atores
reais.
Para
Goffman, o estudo da representação deve começar por uma espécie
de inversão e exame da própria crença do indivíduo na impressão
de realidade que tenta dar àqueles entre os quais se encontra.
Ou seja, o indivíduo faz sua representação e dá seu espetáculo
para sustentar o seu papel, construir a sua imagem e manter viva
a interação com o outro. Para Goffman existem duas extremidades
nesta representação. A primeira é a de que o ator pode estar inteiramente
compenetrado de seu próprio número. "Pode estar sinceramente
convencido de que a impressão de realidade que encena é a verdadeira
realidade". E a Segunda, em outro extremo, verificamos que
o ator pode não estar completamente compenetrado de sua própria
prática.
O
primeiro extremo Goffman chama de «sincero» e o segundo de «cínico».
Neste trabalho, é o segundo exemplo que mais nos interessa. O
extremo que Goffman descreve como sendo aquele « quando o indivíduo
não crê em sua própria atuação e não se interessa em última análise
pelo que seu público acredita». Mas como Goffman, também queremos
deixar claro que não estamos aqui nos referindo a atores cínicos
que estejam sempre interessados em iludir sua platéia, tendo apenas
o interesse pessoal e o lucro como finalidade. Um indivíduo cínico
pode enganar o público pelo bem da comunidade.
As
situações apresentadas por Goffman neste caso não deixam dúvida.
Diz o autor:
«Sabemos
que, em funções de serviços, os profissionais, que em outras condições
são sinceros, vêem-se forçados às vezes a iludir os fregueses,
pois estes mostram grande desejo disso. Os médicos que são levados
a receitar medicamentos inócuos para tranquilizar os doentes,
por exemplo». (Goffman, 2003).
As
representações descritas por Goffman podem ser comprovadas no
dia-a-dia do pronto-socorro do HOB. Não são raros os casos em
que médicos, para atender à necessidade do paciente, se vêem forçados
a receitar medicamentos que não modificam em nada a sua situação
clínica, mas que têm uma função de dar resposta à ansiedade e
ao diagnóstico do leigo de que ele possui alguma enfermidade.
Pequenas
dores e desconfortos chegam ao setor sob o aspecto da dramatização
dos pacientes que, para garantirem o atendimento do (perito) especialista,
encenam males dos mais diversos. Assim, uma simples dor de cabeça
pode se transformar, no contato com o "médico coordenador",
em algo muito maior e mais sério do que na verdade é. Como um
primeiro diagnóstico não é capaz de detectar se o relato do paciente
é verdadeiro ou não, o "médico coordenador" recorre
ao mapa de risco, fazendo uma breve leitura do caso com base em
sua experiência e sempre justificando suas decisões com base nas
teorias da medicina e no princípio de equidade (5)
do SUS, reforçando a idéia do «sistema perito». Mais uma vez,
a relação entre pessoas (6) se apresenta como o início
da relação face a face que irá se desencadear em todo o processo
de atendimento dentro desse sistema.
Por
outro lado e, ao mesmo tempo, o médico busca acentuar sua posição
e reforçar sua autoridade como o perito desse sistema e,
não rara as vezes, procura passar a imagem de que o seu saber
pode interferir no destino do paciente. Ou seja, mesmo sem ter
certeza do diagnóstico a ser fechado, o médico não deixa transparecer
sua insegurança ou incerteza. Para ele, o mais importante, é passar
uma imagem de um especialista detentor dos conhecimentos que podem
curar outra pessoa. Ele, naquele momento assume a autoridade e
a responsabilidade da verdade, com base em suas teorias e experiências.
Ele é o guardião da porta aberta. Assim ele garante sua posição
privilegiada de perito dentro do sistema que dá a ele suporte
para sua ação: o mapa de classificação de risco.
Passada
a fase da entrada, é hora de partir para o segundo ato:
a consulta. Neste momento, médico e paciente tentam ser o mais
sincero (Goffman) um com o outro. Mas, mesmo nesta interação face
a face percebemos que os atores não são totalmente verdadeiros.
O médico busca saber o problema de saúde do paciente e fechar
logo o seu diagnóstico, receitar os remédios que para ele resolverão
o problema ou pedir exames para melhor avaliar o caso. O paciente,
sempre mantendo uma certa distância do médico (que muitas vezes
nem olha para o paciente) anseia por uma resposta cabal para os
seus problemas. Muitos querem apenas o atestado médico para justificar
a falta ao serviço, outros procuram o hospital nos horários de
refeições alegando problemas de saúde dos mais diversos que se
resolvem com um simples medicamento: um prato de comida. Outros
querem ser ouvidos por alguém que acreditam saber a resposta para
todos os problemas que afligem o corpo e a mente. Afinal, estão
ali, dentro do espaço especializado em saúde e de frente com aquele
que detém os maiores conhecimentos sobre o assunto. De repente
o paciente levanta a voz, fica nervoso e sai apressadamente chamando
a atenção de todos. Afinal, o que aconteceu?
Para
Goffman, a compatibilidade entre função, informação possuída e
regiões acessíveis raramente é completa. "Aparecem novos
pontos de observação relativos à representação que complicam a
simples relação entre função, informação e lugar" (Goffman,
2003). O paciente sabia que não tinha o problema clínico que representava.
O médico também. O problema é quando um dos dois resolve revelar
o segredo de ambos. É o "delator" como diz Goffman.
Aquele que finge para os atores ser parte da peça, mas que se
desvia do seu papel e muda toda a cena. O que resta ao outro,
senão atuar de forma mais convincente na tentativa de atrair a
simpatia da platéia? Nesta arena, médico e paciente encenam com
os talentos que têm. O médico mantém sua postura de perito e o
paciente de coitado. Os processos comunicacionais se movimentam
de maneira dinâmica e criam diversas interpretações, seja pela
observação da platéia e suas conclusões e discussões entre si,
seja pelas atuações dos atores. O que for mais verdadeiro na avaliação
da atenta platéia, recebe os aplausos e a aprovação. Nesses processos
de desvelação quem na maioria das vezes sai ganhando
é o médico, pois na platéia, todos querem estar diante dele como
aquele ator que acabou de sair de cena, mas com a esperança de
um final feliz.
E
o espetáculo não pode parar...
Último
ato fechando as cortinas
"Quando a atividade de alguém se passa na presença de
outras pessoas, alguns aspectos da atividade são expressivamente
acentuados e outros, que poderiam desacreditar a impressão incentivada,
são suprimidos. É claro que os fatos acentuados aparecem naquilo
que chamei de região de fachada; deveria ser igualmente claro
que pode haver outra região uma região de fundo ou dos
bastidores onde os fatos suprimidos aparecem" (Goffman,
2003:106)
Arquétipos
como dor e morte continuam sendo construídos livremente nas mentes
dos pacientes. Por outro lado, os médicos também buscam construir
representações que traduzam a situação de seus pacientes e, ao
mesmo tempo, aliviem suas tensões em lidar cotidianamente com
sofrimentos, angústias e exigências além de suas capacidades aparentes.
Desta forma, surgem representações como «jacaré» para definir
aqueles pacientes deitados em macas no pronto-socorro, de olhos
bem abertos e sem informações objetivas sobre seu estado clínico.
"Piscinão de Ramos" ou "barracão" para
caracterizar as salas de triagem ou da internação masculina da
emergência sempre lotadas de "pobres".
A
idéia é trabalhar a Saúde não como um produto de consumo, como
define Kotler (1998). Mas na óptica de Weber que diz: «Mesmo tratada
como bem de consumo, a saúde mantém seu poder de ser ouvida em
qualquer instância» (Weber, 1995).
Sob
a visão do marketing, a Saúde tratada como produto reconstrói,
de forma simultânea, a percepção social da doença como mercado
e necessidade, como demanda e produto. Já sob a óptica do discurso
político, a saúde é um direito e não um bem de consumo.
Ribeiro
e Souza (1995) garantem que as oportunidades abertas pelas novas
tecnologias de informação e comunicação são inúmeras; mas alertam:
"...
talvez exijam, para alcance do seu pleno uso social, o desvendamento
de projetos simples que não desconheçam o saber popular
envolvido, concretamente, no enfrentamento da doença e em concepções
de saúde e nem as carências de informação que atormentam
a vida cotidiana, principalmente nas grandes cidades". (Ribeiro
e Souza, 1995)
O
Programa HumanizaSus (7) , implantado em todo o Brasil pelo Ministério
da Saúde em março de 2004, entende a humanização como a «valorização
dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de
saúde: usuários, trabalhadores e gestores. Segundo o ministro
da Saúde, Humberto Costa (2004), «Os valores que norteiam esta
política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a co-responsabilidade
entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários e a participação
coletiva no processo de gestão».
"Um
dos aspectos que mais tem chamado a atenção quando da avaliação
dos serviços é o despreparo dos profissionais para lidar com a
dimensão subjetiva que toda prática de saúde supõe. Ligado a esse
aspecto, um outro que se destaca é a presença de modelos de gestão
centralizados e verticais desapropriando o trabalhador de seu
próprio processo de trabalho". (Humberto Costa, ministro
da Saúde do Brasil, 2004).
A
visão do ministro é correta e, em nossa perspectiva, analisar
como a construção das relações acontecem e a que ponto a intermediação
da comunicação entre médicos e pacientes pode ser útil para a
melhoria da qualidade desta relação é crucial. Nesse processo
de construção, trabalhamos com a perspectiva de que o "Projeto
Posso Ajudar?" impõe mais barreiras do que soluções entre
estes atores. Os estagiários desconhecem diversas informações
levantadas pelos usuários, como horário dos médicos, o que é uma
cirurgia de grande porte em relação a uma de médio porte. A pergunta
"posso ajudar?" estampada no jaleco não atrai os usuários
que vêem no estagiário mais um funcionário da instituição. O usuário
não se reconhece no estagiário jovem, saudável, sorridente e intelectualizado.
Pessoas da comunidade circunvizinha poderiam desempenhar a função
com muito mais eficiência.
Talvez
o caminho seja promover a discussão com base em categorias: médicos,
pacientes e entidades constituídas. Isto possibilitaria trazer
um novo olhar para a discussão sobre a contraposição do qualitativo
e quantitativo no atendimento do pronto-socorro do HOB. "As
categorias constituem importantes estratégias linguísticas estando
presentes na própria organização da linguagem (verbal, escrita,
gestual, icônica). Utilizamos categorias para organizar, classificar
e explicar o mundo. Falamos por categorias". (Spink,
2000),
A
comunicação mal trabalhada, sem planejamento, aliada à falta de
informações, pode gerar diversos problemas. Os mais recorrentes
são a violência contra médicos e desses contra seus pacientes,
estresse elevado, depressão, angústia, irritabilidade e descontentamento
dos dois lados. Não raro, a consequência de tais situações vão
parar na Justiça.
Apesar
de ter 60 anos de existência (o HOB foi inaugurado no dia 30 de
março de 1944), o pronto-socorro do Hospital Municipal Odilon
Behrens foi inaugurado há 13 anos.
Apesar
da proposta de se colocar como um mediador do processo de interação
entre médico e paciente, o "Projeto Posso Ajudar?" se
traduz num discurso institucional, sem levar em consideração a
construção social de sua proposta. Desta forma, sua aparência
é uniforme e não coletiva. Os pacientes não se vêem representados
e não querem ser apenas passivos no processo de comunicação.
A
discussão com órgãos representativos dos usuários (pacientes)
e da comunidade se faz necessária para a legitimação do caráter
verdadeiramente humanizado da assistência à saúde. Bem como, a
construção de alternativas que contemplem as necessidades práticas
e estruturais dos trabalhadores, passando aí, pela discussão das
condições de trabalho, salários e gratificações, além de um plano
de evolução da carreira (que ainda não existe no hospital).
É
preciso trabalhar ações que coloquem todos os atores do mesmo
lado. Pacientes, médicos, conselho local e gestores precisam falar
a mesma língua; estabelecer um fluxo mais fácil de comunicação
que leve em consideração prioritariamente o aspecto
subjetivo das relações entre médico e paciente. Assim, o entendimento
da dor não será puramente técnico, nem a simulação de sua existência
uma forma do paciente se fazer enxergar como cidadão.
Ouvir
antes de agir; acolher antes de rejeitar e entender o outro como
algo mais complexo do que a biologia do corpo humano é o maior
desafio. Assim, estaremos construindo não uma relação que privilegie
o EU ou o OUTRO, mas o NÓS presente o tempo todo na cena da saúde
pública.
Fim
do espetáculo!
Notas
1)
O número de quatro consultas por hora não é previsto em lei mas,
em Belo Horizonte, um acordo entre médicos e Secretaria Municipal
de Saúde, em 1996, fez valer esta norma para Centros de Saúde.
A regra não vale para UPA´s e Pronto-Socorro, entretanto os médicos
do HOB tentam impor o número de quatro atendimentos por hora alegando
que a Triagem do Pronto-Socorro não atende casos de emergência
e sim consultas típicas de unidades básicas de saúde.
2)
O «sistema perito»(expert Sistems), conforme descrito por Anthony
Giddens (As Consequências da Modernidade, 1991: p.29-37) como
«sistemas de excelência técnica ou competência profissional que
organizam grandes áreas dos ambientes material e social em que
vivemos hoje».
3)
Segundo Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, doutor deriva
do latim doctu que significa aquele que aprendeu muito,
muito instruído, erudito, sábio: o douto acadêmico. 2. Que denota
erudição, sabedoria: doutas palavras. Doutor é 1. Aquele que se
formou numa universidade e recebeu a mais alta graduação desta
após haver defendido tese em determinada disciplina literária,
artística ou científica. 2. Aquele que se diplomou numa universidade
Cf. licenciado e mestre 3. Médico, esculápio (deus da medicina
na mitologia greco-romana).
4)
O médico coordenador é o médico-chefe de plantão no pronto-socorro.
É ele que atende aqueles casos em que a recepcionista (que não
tem formação em saúde) não consegue avaliar (enxergar) a queixa
do paciente, como dor por exemplo.
5)
No vocabulário do SUS, equidade diz respeito aos meios necessários
para se alcançar a igualdade, estando relacionada com a idéia
de justiça social. Condições para que todas as pessoas tenham
acesso aos direitos que lhe são garantidos. Para que se possa
exercer a equidade, é preciso que existam ambientes favoráveis,
acesso à informação, acesso a experiências e habilidades na vida,
assim como oportunidades que permitam fazer escolhas por uma vida
mais sadia. O contrário é inequidade, e as inequidades no campo
da saúde têm raízes nas desigualdades existentes na sociedade.
(Documento base para Gestores e Trabalhadores do SUS. Política
Nacional de Humanização PNH 2004)
6)
«Não é provavelmente um mero acidente histórico que a palavra
pessoa, em sua acepção primeira, queira dizer máscara.
Mas, antes, o reconhecimento do fato de que todo homem está sempre
e em todo lugar, mais ou menos conscientemente, representando
um papel... É nesses papéis que nos conhecemos uns aos outros;
é nesses papéis que nos conhecemos a nós mesmos». (Goffman citando
Robert Ezra Park. A representação do Eu na vida cotidiana. p.
27 - 2003)
7)
www.saude.gov.br/humanizasus
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Gilvan Ferreira de Araújo
Professor da Universidade Federal de Minas Gerais.
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